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Diário de Bordo Você tem cara de diabético?

Quem nunca escutou um comentário semelhante a este: “mas você não tem cara de diabético”? Espera um pouco, qual é a cara de quem diabetes? Diabetes tem […]

David Nascimento Pedroso | 24/05/2022

Quem nunca escutou um comentário semelhante a este: “mas você não tem cara de diabético”? Espera um pouco, qual é a cara de quem diabetes? Diabetes tem cara? Pessoas com diabetes são todas iguais?

Logo no início do diagnóstico de diabetes tipo 1, em 2005, o salva-vidas David Nascimento Pedroso, de São Paulo (SP), ouviu esse tipo de comentário de uma recepcionista e a frase o abalou demais. “Eu era muito jovem, tinha cerca de 24 anos, e não aceitava o diabetes. Ouvi falar de um cirurgião bariátrico que operava pessoas com diabetes em Goiânia e viajei até lá em busca de atendimento”, conta.

Ao chegar na clínica e se apresentar, a recepcionista ficou admirada em saber que David tinha diabetes e comentou: “Nossa, mas você é tão jovem, tão bonito… Nem parece que você é diabético!”

“Isso me marcou demais e de um jeito negativo. Depois, fui atendido pelo médico, que me explicou que eu não poderia fazer a cirurgia bariátrica, pois tinha diabetes tipo 1 e que seria diabético para sempre. Foi como despencar do 19º andar! Fiquei tão desnorteado que não lembrei nem o nome do hotel onde estava hospedado. Enquanto rodava pela cidade, o taxista falava o nome dos hotéis na tentativa de me ajudar a lembrar”, relata David.

Embora até o momento não haja cura para o diabetes, a forma como David recebeu aquela informação foi sem nenhuma empatia ou cuidado profissional. Ele estava em busca de apoio, de esperança, de ajuda, mas levou um soco no estômago, no sentido figurado. “Isso aconteceu há 15 anos e é lamentável que ainda hoje ainda há pessoas que façam comentários deste tipo”, diz.

Recentemente, David levou a reflexão para o perfil dele no Instagram @diabeticotipourso, onde tem mais de 10 mil seguidores. Em um vídeo, ele aparece com o rosto cheio de acessórios que usa para tratar o diabetes: seringas, agulhas, tiras reagentes, sensor de glicose e lancetas. No final, a pergunta: “E agora, tenho cara de diabético?” Um convite bem-humorado à reflexão sobre a imagem equivocada que, infelizmente, muitas pessoas ainda fazem sobre quem tem diabetes.

Diferentemente do jovem que foi a Goiânia em busca de cirurgia, o David de hoje fez as pazes com o diagnóstico e associa ao tratamento do diabetes dois hábitos: a prática da atividade física e o uso adequado e bem-humorado da tecnologia.

Isso aí, David! O bom humor é um dos ingredientes para uma vida mais leve e a educação em diabetes, a informação confiável e o autoconhecimento ajudam a aceitar a condição e conviver bem com ela. Como disse o médico Elliott Joslin, fundador da primeira clínica especializada em diabetes dos Estados Unidos: “a educação em diabetes não é parte do tratamento. Ela é o próprio tratamento”.

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