Muitos dizem que se recordam exatamente do momento do diagnóstico. Eu não lembro de muita coisa. Lembro de estar no consultório da médica, mas não de ouvir a voz dela nem a dos meus pais. Do semblante deles, no entanto, eu jamais esqueci. Era como se a filha deles estivesse setenciada a algo muito ruim, que eu sequer podia imaginar o quê. A forma que meus pais encontraram de me ajudar e de amenizar a dor emocional foi aderir ao melhor tratamento possível. Eles sempre me levaram nos melhores médicos, sempre me ajudaram a conseguir as tecnologias mais atuais e estavam constantemente de olho nos produtos sem açúcar que chegavam no mercado.
Acredito que isso trazia certo alívio para eles, tanto quanto trazia para mim. No entanto, a tal da aceitação não melhorou muito por conta disso e foram exatamente as dificuldades emocionais não atendidas que prejudicaram o tratamento e puseram “a perder” todo investimento tecnológico até então.
Foi em 2007 que, pela primeira vez, comecei a cuidar desse buraco emocional. Após 14 anos de diabetes, eu finalmente conheci outra pessoa com a mesma condição. Esse dia foi e é um marco na minha história. Conversar com alguém que se reconhecia na minha fala e que eu me reconhecia na dela teve um impacto emocional tão importante no meu tratamento que hoje considero que essa foi a maior tecnologia até então: a tecnologia humana.
Após esse momento de troca, fui buscar outras formas de apoio e conheci pessoas na internet, numa comunidade norte-americana de pacientes, na qual muitos usavam um aparelho que eu nunca tinha ouvido falar: bomba de insulina.
Fonte: Revista Momento Diabetes nº 33.
***Texto escrito pela Fabiana Couto, colaboradora da revista Momento Diabetes, e publicado na edição 33.
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