Por Priscila Horvat*
Não é segredo para ninguém que o manejo do diabetes depende, entre outros fatores, dos alimentos que a pessoa consome. Mas, além do que é colocado no prato, o controle do peso e o ganho da massa muscular também desempenham papéis importantes nesta equação.
E para manter o peso recomendado para a estrutura corporal, o segredo é perder o excesso de peso e investir no ganho de massa muscular. Isso porque pessoas com diabetes podem apresentar um declínio acentuado tanto da força quanto na massa muscular ao mesmo tempo, ou seja, a perda de massa muscular é muito comum em pessoas com diabetes, principalmente em casos em que não há um bom gerenciamento glicêmico.
De acordo com a personal trainer Iohanna Pita, especialista em Fisiologia Clínica do Exercício Físico, a chave para quem tem diabetes ganhar massa muscular está na abordagem e nas estratégias corretas.
“A relação entre a massa muscular e o controle do diabetes está intimamente ligada ao papel dos músculos como os principais tecidos consumidores de glicose no corpo, o tecido muscular esquelético. Ele é responsável por cerca de 70% da captação de glicose. Quando uma pessoa realiza atividade física, acontece uma contração muscular, e essa reação natural do corpo acaba ativando um sistema de ativos transportadores de glicose, que tem uma ação independente da insulina. Isso significa que, mesmo em condições de resistência à insulina, o exercício físico pode aumentar a captação de glicose pelos músculos, ajudando a regular os níveis glicêmicos”, explica Iohanna.
Uma musculatura bem desenvolvida aumenta a taxa metabólica basal e, consequentemente, promove maior utilização de glicose em repouso, beneficiando ainda mais o controle. “O exercício físico é a única maneira capaz de fazer com que a glicose entre para a célula muscular sem precisar da ação da insulina de fato. A longo prazo, isso reduz a quantidade de doses de insulina, melhora a sensibilidade à ação da insulina e proporciona maior controle glicêmico”, afirma a especialista.
A prática regular de exercício físico contribui muito para a sensibilidade de ação da insulina, tanto na forma imediata quanto na crônica, permitindo que a glicose seja absorvida diretamente pelas células musculares. No efeito dominó, isso reduz a necessidade de insulina ao longo do tempo. “O aumento da eficiência do uso da glicose significa que o corpo precisa de menos insulina para obter o mesmo resultado, o que é particularmente muito positivo para o gerenciamento do diabetes”.
Benefícios do ganho de massa muscular
A massa muscular desempenha um papel crítico no metabolismo da glicose. Quando estão em uma rotina de exercícios, os músculos mais volumosos e metabolicamente ativos acabam consumindo mais glicose, o que melhora o controle e o gerenciamento glicêmico. Conheça outros benefícios do ganho de massa muscular:
- Melhora da sensibilidade à insulina, facilitando o controle glicêmico;
- Aumento da força e energia, o que melhora a qualidade de vida;
- Redução do risco de complicações cardiovasculares associadas à condição;
- Ampliação da capacidade de realizar atividades diárias com mais facilidade;
- Diminuição da adiposidade visceral, isto é, do acúmulo de gordura na região abdominal, que está associado ao aumento da resistência à insulina;
- Maior eficácia para a saúde física e metabólica;
- Ajuda na gestão do controle do peso e na composição corporal.
“O efeito duradouro do exercício também é muito importante, porque ele pode perdurar cerca de 48 ou até 72 horas, dependendo da duração e intensidade”, explica Iohana Pitta.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.
Foto: Imagem de Prostooleh no Freepik