Atualmente, o ICD assiste 4.370 crianças, adolescentes e adultos jovens com diabetes. Hospital Dia, ambulatório e linha telefônica são alguns dos canais de atendimento.
Artigo escrito por Ana Bertuol*
O Instituto da Criança com Diabetes (ICD) é um projeto que, como muitos, nasceu de um sonho: assistir gratuitamente crianças, adolescentes e adultos jovens com diabetes tipo 1 (DM1) do Rio Grande do Sul, mudando o quadro da condição no Estado.
Desde a sua criação o ICD trabalha para oferecer o melhor e mais moderno tratamento aos pacientes, com a ajuda de uma equipe interdisciplinar e atendimento nas modalidades Hospital Dia, ambulatório e HOTLINE, uma linha telefônica para atendimento específico aos pacientes, familiares e cuidadores.
Com o passar do tempo foi implantado o Ambulatório de Novas Tecnologias, criado a partir da necessidade de fazer uso da tecnologia como ferramenta de apoio, na busca de um melhor controle metabólico dos pacientes. Este ambulatório tem à frente uma equipe formada por endocrinologistas e enfermeiras e atende, exclusivamente, pacientes em uso de Sistema de Infusão Contínua de Insulina e sensores de glicose.
Como é um serviço público, não podemos ofertar essas tecnologias para todos, mas aprendemos também que nem todos se beneficiam de novas tecnologias. É preciso ter motivação e engajamento muito grande para o tratamento. Por isso, criamos um protocolo que vai progredindo até chegarmos à indicação das novas tecnologias que, infelizmente, ainda têm que ser conseguidas por via judicial.
Diabetes tipo 1: cuidados envolvem a família
No Rio Grande do Sul, mais de 9 mil crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1 e o ICD atende 46% da demanda do estado do RS, tendo conseguido o expressivo índice de redução de internação hospitalar em 94%.
O DM1 é um dos mais sérios problemas de saúde na atualidade, tanto em relação ao número de pessoas afetadas e incapacitações desencadeadas, quanto ao que diz respeito aos custos envolvidos para o controle e tratamento das complicações.
A doença está associada a maiores taxas de hospitalização, a maiores necessidades de cuidados médicos, à maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas de membros inferiores. Há outras implicações envolvidas na vida da criança e do adolescente com diabetes, e também na vida da família, tais como fatores emocionais como dor, sofrimento, desesperança, ansiedade e isolamento.
Enquanto doença crônica, o diabetes exige adaptação nos âmbitos psicológico, social e físico, o que torna evidente a necessidade de integração da família em todo esse processo. O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para ajudá-lo a mudar seu modo de viver, o que está diretamente ligado à vida de seus familiares.
Águia: exemplo de autonomia e independência
A escolha de uma águia como símbolo da instituição não é por acaso. Sempre esteve presente na mente dos fundadores da instituição que o ICD precisava fazer mais do que simplesmente detectar e tratar os portadores de diabetes. Eles sabiam que é preciso dar autonomia aos pacientes, torná-los independentes, acreditar que eles possam alçar voo, viver e sobreviver.
A águia tem este significado e traduz o objetivo principal da atuação de todos os profissionais, voluntários e colaboradores na luta para vencer o diabetes. O diabetes é um abismo silencioso pela forma que atinge e destrói o organismo humano. O ICD e o símbolo da águia ajudam esses pacientes a descobrirem que é possível aprender a voar em busca dos seus sonhos.
O Instituto da Criança com Diabetes é gratuito, através do Sistema Único de Saúde (SUS), mediante convênio de parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) ligado ao Ministério da Saúde. Uma equipe técnica formada por endocrinologistas, nefrologista, oftalmologistas, psiquiatra, enfermeiras, nutricionistas, psicóloga, dentistas, assistentes sociais e educador físico presta atendimento integral ao paciente.
O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h e para agendar consulta não é necessário passar pela Unidade Básica de Saúde (UBS), porém, é necessário possuir o diagnóstico de Diabetes tipo 1 e ter de 0 a 20 anos. Com isso, basta agendar a primeira consulta diretamente pelo telefone (51) 3357-2698 e, a partir daí, passar a ser acompanhado pelo ICD.
A marcação de consulta para quem já é paciente pode ser feita pelo telefone (51) 3341-4511, do ambulatório de consultas, das 08h30 às 11h e das 14h30 às 16h.
E como não poderia deixar de ser e acompanhando a tecnologia, existe também a marcação de consultas dos pacientes de forma online. Para isso, o paciente deve cadastrar uma senha no GHC – Grupo Hospitalar Conceição e depois acessar https://www.ghc.com.br/paciente/ , inserir o número do registro e a senha e seguir as instruções na tela.
Ações e eventos em 2022
O ICD faz a diferença na vida dos pacientes e, por isso, capta recursos na comunidade de várias formas. Todas elas estão explicadas no site da instituição www.icdrs.org.br
Os eventos também existem para captação de recursos e, neste ano de 2022, estão liberados para ser de forma presencial.
Este ano teremos a Copa do ICD, um jantar no dia 22 de junho, às 20h, na Associação Leopoldina Juvenil, e deve contar com a presença de figuras ilustres do futebol nacional.
Também teremos a tradicional e conhecida Corrida para Vencer o Diabetes que já faz parte do calendário de eventos de Porto Alegre, agora sua 24ª edição. O evento será realizado no Parque Moinhos de Vento – Parcão, em Porto Alegre, com largada às 10h, no dia 25 de setembro de 2022.
A venda de camisetas é o principal foco da fonte de renda e toda a verba arrecadada é direcionada para os vários projetos que beneficiam os pacientes e suas famílias.
Em novembro, o ICD junta-se à campanha mundial da Federação Internacional de Diabetes com o Novembro Diabetes Azul, realizando ações de conscientização sobre a doença com atividades em diversos locais e campanhas em espaços de comunicação de massa.
Por último, mas não menos importante, o ICD sentiu a necessidade de unir-se ao grupo Vozes da Coalizão, voltando também seu olhar para o Advocacy, somando forças às causas do Diabetes e Obesidade.
Com isso, acreditamos que, além do tratamento com educação continuada e apoio da tecnologia para melhor controle metabólico, estamos nos envolvendo também na luta por tratamento adequado e políticas públicas adequadas que atendam, de verdade, às necessidades deste público, ampliando as fronteiras além dos nossos muros, que hoje abrigam 4.370 pacientes.
Ainda há muito que conquistar, mas acreditamos na importância e na força que um grupo pode ter quando foca num único objetivo e olha para o futuro!
Fica aqui o convite para acompanhar nossas redes sociais e saber um pouquinho mais sobre o trabalho diário e ações desenvolvidas
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*Ana Bertuol é gerente executiva do Instituto da Criança com Diabetes de Porto Alegre (RS)
Importante: opiniões contidas em artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da editora Momento Saúde.
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