Por Priscila Horvat*
Ganhar massa muscular é uma estratégia muito poderosa para quem tem como objetivo gerenciar melhor o diabetes. Os benefícios vão desde a melhora da sensibilidade à ação da insulina – o que facilita o controle do açúcar no sangue – até a manutenção do peso adequado.
Entretanto, para conseguir todos os benefícios, não basta seguir qualquer série de exercícios físicos. “O treinamento de resistência, que envolve o uso de pesos livres, máquinas ou até mesmo o peso corporal, é o tipo de exercício mais eficaz para promover o ganho de massa muscular”, explica a personal trainer Iohanna Pita, especialista em Fisiologia Clínica do Exercício Físico.
O mais conhecido entre eles é a musculação, que pode ser feita no crossfit, no treino funcional e até em casa, com o peso do corpo ou com o uso de elásticos. “A musculação pode ser realizada em qualquer lugar, desde que a pessoa siga uma prescrição direcionada, de acordo com os objetivos e individualidades”, indica Iohanna.
Um treino personalizado garante que todos os grupos musculares sejam trabalhados de forma correta, segura e eficiente. Além disso, a combinação do treinamento de resistência com os exercícios aeróbicos também possui benefícios adicionais. Ou seja, além da musculação, também são recomendados a caminhada, o ciclismo e a natação. “Uma abordagem integrada de treinamento das atividades aeróbicas é altamente recomendada para maximizar os resultados e os benefícios para o tratamento para as pessoas com diabetes”.
Para potencializar ainda mais os benefícios, a personal trainer conta que o ideal é manter uma frequência de, pelo menos, três vezes por semana, sendo que o ideal seriam cinco vezes. E também existe explicação científica para justificar essa rotina! “Se o corpo fica mais de dois dias sem fazer o exercício, a pessoa perde os benefícios daquele efeito prolongado”. Por isso, antes de fazer a matrícula em alguma academia, a recomendação é que a pessoa com diabetes reveja a agenda e adapte as atividades da semana pensando também nos exercícios.
Time de peso
Iohana também alerta que “episódios frequentes de hipoglicemia podem interferir no desempenho durante o treino, enquanto casos de hiperglicemia crônica podem prejudicar a síntese proteica, dificultando o ganho de massa muscular”.
Para evitar essa ocorrência, o ideal é fazer o acompanhamento com um profissional, que é tão importante quanto o próprio ganho da massa muscular. Afinal, é com a ajuda dele que a pessoa com diabetes vai ter um treino adequado às necessidades e também conseguir monitorar a glicemia, saber se é necessário readequar os exercícios, a dieta, ou ajustar a dose de insulina, principalmente nos casos de pessoas que não utilizam o sensor glicêmico.
“Um desafio grande é ajustar as doses de insulina e a ingestão alimentar. Por isso, uma pessoa com diabetes que começa a se exercitar precisa do apoio de um endocrinologista, que vai pensar na melhor estratégia nos dias de atividade física, de um nutricionista, que vai orientar a dieta adequada para o aumento da massa muscular”.
“A inflamação crônica e a resistência à insulina dificultam a recuperação e o crescimento muscular, exigindo um esforço extra para alcançar os mesmos resultados de uma pessoa sem diabetes, então é essencial que haja um acompanhamento com esses profissionais, para criar um treino totalmente individualizado e direcionado, para que o planejamento dos exercícios, juntamente com o planejamento alimentar, seja efetivo para garantir um progresso seguro e eficaz”, finaliza Iohana Pitta.
Dica bônus: para evitar quedas de glicose durante o treino, leve sempre insulina (ajustada conforme orientação médica) e carboidratos de rápida absorção, uma precaução para manter os níveis de glicose estáveis durante e após o exercício.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.
Foto: Freepik