Por Priscila Horvat*
Dormir bem é um dos pilares da saúde física e mental para todas as pessoas – e isso não é diferente para quem vive com diabetes. A relação entre sono e glicemia é profunda, ainda que muitas vezes seja subestimada, já que um “descanso ruim” pode interferir diretamente no controle glicêmico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), noites mal dormidas (causadas por insônia, apneia do sono ou interrupções frequentes) podem desestabilizar o controle glicêmico. Isso acontece porque distúrbios do sono afetam diretamente o metabolismo e a resposta do organismo à insulina, além de elevar os níveis de estresse e comprometer o bem-estar físico e emocional.
A apneia, por exemplo, provoca interrupções respiratórias durante o sono, o que reduz a oxigenação e impede que o paciente atinja o sono profundo, tornando o descanso ineficaz e comprometendo a recuperação do organismo durante a noite. Por isso, a SBD ressalta a importância de diagnosticar e tratar esses distúrbios, principalmente em pessoas com sobrepeso ou obesidade, condições frequentemente associadas ao diabetes tipo 2. Uma noite mal dormida pode trazer, ainda, inúmeros malefícios, como:
- Aumento da resistência à insulina;
- Sensação de cansaço constante;
- Baixo desempenho no trabalho;
- Irritabilidade;
- Alterações de humor;
- Ganho de peso;
- Pressão arterial alta;
- Aumento do risco de outras complicações a longo prazo.
Outro ponto enfatizado pela SBD são as hipoglicemias noturnas, os episódios de queda da glicose durante o sono que frequentemente passam despercebidos. Mais da metade dos casos considerados graves ocorre durante a noite e, muitas vezes, são reconhecidos apenas ao despertar. O uso de sensores de glicose pode alertar sobre essas quedas silenciosas e permitir ajustes na dose de insulina ou na alimentação noturna, minimizando os riscos.
Para evitar esse quadro, pequenas mudanças na rotina podem melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, o controle do diabetes. Entre as ações recomendadas estão:
- Manter horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos finais de semana;
- Evitar refeições pesadas e reduzir o consumo de cafeína no período noturno;
- Evitar o uso de telas e luzes fortes por, pelo menos, uma hora antes de dormir;
- Criar um ambiente escuro, silencioso e confortável para o sono;
- Realizar exames periódicos, inclusive para investigar a possibilidade de distúrbios do sono.
Para quem tem diabetes, o sono reparador deve ser incluído nas metas de saúde e no autocuidado. A orientação médica para avaliação do sono deve ser sempre personalizada, considerando a rotina, o uso de insulina, comorbidades e preferências do paciente.
A curto prazo, pequenas atitudes como as recomendadas aqui já podem trazer impactos positivos no controle glicêmico. A longo prazo, tratar os distúrbios do sono e adotar uma rotina mais estruturada garante a redução de complicações e melhor qualidade de vida.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.