Desde pequena, eu já era bastante criativa, mas não acreditava muito nisso. Não sei bem o porquê, mas achava que criatividade era algo inacessível, para poucos, quase uma coisa “de outro mundo”. Com o tempo, fui acreditando ainda mais nessa crença e me tornando cada vez mais concreta e verbal.
Sempre fui super tagarela. Precisava da palavra (que vim a entender depois que também é uma forma de arte) para me expressar, porém, após o diagnóstico de diabetes tipo 1 aos 13 anos de idade, comecei a perceber que as palavras me faltavam, pois não tinha uma linguagem para comunicar meus sentimentos.
Eu lembro desse período, que hoje sei que foi o da negação, como uma fase na qual acreditava que ignorar a situação e as emoções desagradáveis que sentia seria o melhor para mim. Foi aí que me tranquei dentro de mim mesma achando que estaria mais segura assim e que essas emoções que eu achava que poderiam me prejudicar, seriam silenciadas e eu poderia viver minha vida “normalmente.”
Porém, em 1998, por volta dos 18 anos, acabei desenvolvendo depressão e, mais tarde, o transtorno alimentar.
Confesso que até hoje ainda luto com a questão da saúde mental. Tenho tendência à ansiedade e depressão. Quem me conhece não imagina isso, pois estou sempre sorrindo e com um olhar otimista em relação à vida. Tudo isso é muito sincero, mas paradoxalmente coabitam em mim períodos mais escuros e difíceis. É notável para mim e a minha família que essas dificuldades emocionais começaram a partir do diagnóstico e se intensifi caram com outros eventos difíceis que vivi.
Sabemos hoje que a depressão e a ansiedade, assim como o transtorno alimentar, são comorbidades da doença, sendo de 2 a 3 vezes mais comuns em pessoas diabéticas do que a população de forma geral. Ou seja, as pessoas com diabetes têm mais chances de desenvolver esses transtornos. Ainda assim, minha pergunta é a seguinte: por que algumas pessoas com diabetes desenvolvem problemas de saúde mental e outras não?
Além das questões relacionadas à genética e fatores ambientais, que têm grande peso nesse sentido, sabemos que as pessoas que conseguem lidar com o lado emocional do diabetes desde o princípio têm mais chances de não serem tão afetadas, ou não estarem tão vulneráveis. Ou seja, a questão é encontrar formas de se expressar.
Leia mais da matéria na edição 31 da Momento Diabetes.
Fonte: Revista Momento Diabetes nº 31. Confira na nossa loja virtual.
***Texto escrito pela Fabiana Couto, colaboradora da revista Momento Diabetes, e publicado na edição 31.