Por Priscila Horvat*
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) atualizou as diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2 (DM2). Publicada em março de 2025 na revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome, a nova orientação reduz a idade mínima de 45 anos para 35 anos para a triagem da doença e orienta incluir crianças e adolescentes com fatores de risco nos exames de rotina. A entidade também alerta para a necessidade de realizar exames antes dessa idade em pessoas com histórico familiar da doença, sedentarismo e outros fatores de risco.
Ao portal da SBD, o presidente da entidade, Dr. Ruy Lyra, afirmou que a mudança tem como objetivo ampliar o diagnóstico precoce. “Agora, a indicação é iniciar a triagem a partir dos 35 anos, incluindo pessoas mais jovens que apresentem fatores de risco, como o excesso de peso, inclusive crianças e adolescentes, já que estamos vendo vários casos de DM2 nessa população”, explica.
O alerta é reforçado por dados preocupantes. De acordo com a última edição do Atlas Mundial de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), quase 45% dos adultos no mundo desconhecem que têm diabetes. No Brasil, esse número gira em torno de 30%. A falta de diagnóstico impacta diretamente no início do tratamento e favorece o surgimento de comorbidades graves, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal, cegueira e neuropatias nos membros inferiores.
Maior atenção com o público infantil
Outro ponto importante da atualização é a atenção redobrada com o público infantil. Com a correria do dia a dia e o consequente aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, somado ao sedentarismo e à obesidade cada vez mais crescente entre os jovens, a recomendação é que crianças a partir dos 10 anos também sejam testadas para o DM2. A triagem é indicada, principalmente, para aquelas com vivem com sobrepeso, hábitos alimentares inadequados, baixa prática de atividade física ou histórico familiar de diabetes.
A nova diretriz também atualiza as orientações sobre a frequência dos exames: pessoas com exames normais e sem fatores de risco devem ser reavaliadas a cada três anos. Já os pacientes avaliados com pré-diabetes ou múltiplos fatores de risco devem realizar novos exames anualmente.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.