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Giro Saúde Atlas Mundial do Diabetes revela dados alarmantes sobre a doença

Brasil aparece entre os seis países com mais casos de diabetes e é o terceiro no ranking dos que mais gastam com as consequências da doença. Por […]

Momento Diabetes | 13/05/2025

Brasil aparece entre os seis países com mais casos de diabetes e é o terceiro no ranking dos que mais gastam com as consequências da doença.

Por Priscila Horvat*

Entre os dias 07 e 10 de abril aconteceu o Congresso Mundial de Diabetes 2025, um evento realizado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) em Bangkok, na Tailândia, e que reuniu a comunidade global de profissionais de saúde que trabalham, diariamente, por melhores condições e tratamentos para pessoas que vivem com diabetes.

Realizado a cada dois anos, esse congresso é considerado um dos maiores encontros médicos do mundo, abrangendo todo o universo relacionado ao diabetes. Participantes de todo o mundo se reúnem para aprender sobre uma ampla gama de questões relacionadas à doença, desde os mais recentes avanços científicos até informações de ponta sobre educação, tratamento, advocacy e conscientização.

Na ocasião, também foi divulgado o Atlas Mundial de Diabetes, um documento que reúne os dados oficiais sobre diabetes em todo o mundo. ​O último Atlas havia sido publicado em 2021, com os dados atualizados até 2020. Agora, em 2025, ele traz os dados referentes ao ano anterior, 2024, e apresenta números alarmantes sobre a prevalência da doença e suas projeções futuras.

Atualmente, 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com diabetes no mundo, representando um em cada nove indivíduos nessa faixa etária. As projeções indicam que esse número poderá chegar a 853 milhões até 2050, correspondendo a um em cada oito adultos.

Há outro dado tão preocupante quanto: mais de 250 milhões de pessoas desconhecem que têm diabetes, o que representa uma parcela significativa dos casos não diagnosticados. ​

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) atua como representante da IDF, desempenhando um papel fundamental na conscientização e combate à doença no país. ​Atualmente, 16,6 milhões de adultos brasileiros vivem com diabetes (10,7% da população), colocando o país em 6º lugar no ranking de países com mais casos no mundo, atrás apenas de China, Índia, EUA, Paquistão e Indonésia. ​Em 2024, a SBD divulgou, com base no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o Brasil já tinha cerca de 20 milhões de pessoas com a comorbidade. “Para efeitos de comparação, em 2021, o Brasil tinha 15,7 milhões de brasileiros vivendo com a doença, um aumento de mais de 5% nesse período”, avalia o endocrinologista Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, diretor médico do portal Olhar da Saúde.

“Acredito, inclusive, que esses números são subestimados. Há muito tempo nós não temos um dado epidemiológico de procura de casos no Brasil. E, vale lembrar, no Atlas 2025 do IDF, 31,9% dos brasileiros têm o diabetes e não sabem do diagnóstico. Ou seja, temos 5,4 milhões de pessoas andando pelas ruas sofrendo a ação da glicose elevada, correndo o risco de ter complicações crônicas e que não sabem do próprio diagnóstico”, declara o Dr. Couri.

Confira outros números do cenário atual de diabetes:

– Crescimento: Houve um aumento de 5,7% nos casos em relação ao levantamento anterior de 2021, que registrava pouco mais de 15 milhões de casos. ​

Mortalidade: Em 2024, o diabetes foi responsável por 3,4 milhões de mortes em todo o mundo, o que equivale a uma morte a cada seis segundos. ​No Brasil, a doença foi responsável por 111 mil óbitos. “Esse número provavelmente também é subestimado, porque o diabetes dificilmente é a causa real de morte. Ele é uma causa que influencia nas mortes, como no caso das doenças cardiovasculares, como infarto do coração e derrame cerebral. Mas, ainda assim, 111 mil mortes é um número enorme. Para efeito de comparação, é um número 20 vezes maior do que o número de óbitos por dengue em 2024”.

Diagnóstico: Cerca de 32% dos adultos com níveis alterados de glicose no sangue não sabem que têm diabetes, circulando sem diagnóstico. ​

Distribuição por renda: Quatro em cada cinco adultos com diabetes (81%) vivem em países de baixa e média renda, evidenciando a necessidade de estratégias de saúde pública adaptadas a esses contextos.

Pré-diabetes: Aproximadamente 11% dos adultos no país têm pré-diabetes, o que representa cerca de 17,7 milhões de pessoas em risco de desenvolver a doença e 15,2 milhões de adultos com glicemia de jejum alterada.

Diabetes gestacional: Cerca de 11,1% das gestações no Brasil são afetadas por hiperglicemia, aumentando os riscos para mães e bebês.

Diabetes tipo 1 em jovens: 1,8 milhão de crianças e jovens com menos de 20 anos vivem com diabetes tipo 1, enfatizando a necessidade de atenção especial a essa faixa etária.

Gastos com saúde: O Brasil é o terceiro país no mundo em gastos com diabetes, alocando 45 bilhões de dólares para o tratamento da doença e de suas complicações. ​

O Brasil ocupa hoje o terceiro lugar no ranking do Atlas da IDF de países com maior gasto nessa doença, perdendo apenas para as duas superpotências, Estados Unidos e China. “No último ano, o Brasil gastou cerca de R$ 45 bilhões de dólares com o diabetes – e a gente sabe muito bem que se gasta muito mais com as complicações e sequelas”, finaliza o médico.

Esses dados mostram a necessidade urgente de conscientização da população para enfrentar o crescente impacto do diabetes na saúde pública. Por isso, todo o trabalho é importante, principalmente exames de rastreio em consultas regulares com o médico de confiança e informação confiável, baseada em fatos e na ciência. Para acessar o relatório completo (em inglês), clique aqui.


*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.

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