Eles foram desenvolvidos para ajudar a controlar o diabetes, mas é importante saber que a administração deles, em alguns casos, também pode causar certos efeitos na pele. No entanto, não é motivo para ficar com medo nem deixar de tomar o medicamento sem a orientação do seu médico. O objetivo de abordar esses assuntos aqui na Momento Diabetes é para que você possa ter cada vez mais conhecimento sobre o tratamento do diabetes, aumentar sua qualidade de vida e, percebendo alguma coisa fora do habitual, conversar com o médico.
No caso do uso da insulina, a manifestação mais conhecida é a lipohipertrofia ou lipodistrofia hipertrófica, que são caroços ou lesões que aparecem nas áreas de aplicação do hormônio, geralmente em consequência da falta de rodízio. “Essas áreas correspondem a massas fibrosas, tumefeitas, e, por se tornarem uma região hipoanestésica, induz o paciente a utilizar o mesmo local repetidas vezes, perpetuando o processo”, alerta o Dr. Wild.
Segundo o endocrinologista do Pará, é possível ocorrer algumas reações alérgicas à insulina, embora sejam bem menos comuns. “Elas variam de intensidade, desde um simples desconforto até manifestações mais intensas, como o choque anafilático. Geralmente a pessoa tem coceira local e placas de urticárias no corpo”, disse Dr. Wild. Para tratar, é necessário descobrir a causa da alergia, avaliar se decorre da molécula de insulina ou de outros componentes contidos nela e fazer a adequação ou trocas do tipo de insulina.
Dra. Patrícia explica que essas reações alérgicas também podem aparecer em quem faz uso de medicamentos orais. “Fármacos da classe das sulfonilureias, por exemplo, que promovem a liberação de insulina a partir das células beta do pâncreas, podem causar algum processo alérgico”, comenta a médica. Já pacientes que usam medicamentos da classe das glifozinas ficam mais propensos a ter infecções urinárias, porque essa classe de drogas impede a reabsorção de glicose nos rins, fazendo o açúcar ser eliminado pela urina. Por sua vez, os antidiabéticos agonistas de GLP-1, que aumentam a secreção da insulina e têm fama (verdadeira) de causar efeitos gastrointestinais, podem desencadear uma reação cutânea localizada, isto é, no ponto de aplicação.
No entanto, é importante ressaltar que, a princípio, esses efeitos não contraindicam o uso da medicação, que é eficaz no tratamento do diabetes tipo 2. Obviamente, o médico vai avaliar o perfil de cada paciente e, se ele tiver uma predisposição alérgica maior, pode suspender o uso”, argumenta a Dra. Patrícia. Antes disso, porém, é interessante revisar se o paciente está aplicando o hormônio corretamente. Às vezes, ele aplicou na derme, camada superficial da pele, em vez de injetar no subcutâneo. Ou então, como já vi acontecer, o paciente aplicou o medicamento muito gelado e causou esta reação pontual”.
Os inibidores da DPP-4 também trazem na bula descrição de reações cutâneas. Eles são uma classe de medicamentos que impedem a ação da enzima dipeptidil peptidase (DPP-4) e melhoram a das incretinas. Essas vão estimular a produção de insulina pelo pâncreas e diminuir a produção de glicose pelo fígado. “Caso alguma reação aconteça devido ao uso dos inibidores da DPP-4, o médico pode suspender a medicação. Portanto, se o paciente tiver qualquer reação ou sintoma com esta ou outra medicação, mesmo que seja uma coceira insistente, é importante avisar o médico”, ressalta a endocrinologista de Campos dos Goitacazes (RJ).
Fonte: Revista Momento Diabetes nº 32.
***Texto escrito pela Letícia Martins, diretora de redação da revista Momento Diabetes, e publicado na edição 32.
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