Tratamentos menos invasivos para quem tem Diabetes tipo 2 e como evitar e tratar doenças associadas a condição foram destaques no 58º evento europeu de estudos sobre o diabetes, o EASD, que aconteceu de 19 a 23 de setembro em Estocolmo, capital da Suécia.
Milhares de médicos e especialistas da área da saúde de todo o mundo, passaram pelo evento, no qual foi apresentado estudos que estão sendo realizados na área do diabetes em âmbito global.
Obesidade, doenças renais, cardíacas, síndromes metabólicas entre outras, ganharam os holofotes mostrando que as novas drogas contra o diabetes também são eficazes no combate destes males.
Insulina só 1x por semana
Um dos estudos mais impactantes e promissores apresentados foi o da nova insulina de ação semanal, Icodec. Trata-se de uma insulina basal, que precisa ser tomada apenas 1 vez por semana.
O estudo encontra-se em fase 3, isso quer dizer, a última fase de uma pesquisa, quando o medicamento já está sendo utilizado em um grupo de pessoas para serem realizadas as últimas análises.
Segundo Carlos Eduardo Travassos, gerente médico de Diabetes e Obesidade da Novo Nordisk, a grande vantagem da pessoa com diabetes em usar uma insulina semanal, é a simplificação no tratamento, favorecendo assim a sua adesão. “Hoje em dia, o que temos é a insulina de uso diário, isso sugere uma dificuldade à adesão, pois muitas vezes o paciente esquece de tomar ou deixa de tomar o medicamento pois não quer ter que se picar toda hora para inserir a insulina, sendo assim, o controle da doença fica comprometido”.
Essa fase final dos estudos, está sendo realizada em pessoas com diabetes tipo 2, entretanto, Travassos anunciou que os estudos da insulina basal semanal para pessoas com diabetes tipo 1 também já estão acontecendo.
Depois de concluído os resultados, a droga é encaminhada para os órgãos regulatórios de cada país e aí sim estará no mercado para a comercialização. De acordo com a previsão dos responsáveis, em até 5 anos, ou menos, a Icodec já estará nas prateleiras. Vamos aguardar!
Semaglutida contra a obesidade é liberada
Outra notícia muito importante apresentada no evento foi a comprovação científica da eficácia do medicamento semaglutida para o combate a obesidade.
Desde o seu lançamento em 2021, a semaglutida, que é um antidiabético classificado como agonista de receptor GLP-1, que é um análogo de um hormônio natural do corpo, mostrou grande eficácia na redução de peso. Desenvolvido para pessoas com diabetes tipo 2, no qual os fatores de risco, como: obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares, são comuns, a semaglutida, mostrou resultados surpreendentes na perda de massa corporal. Contudo, a medicação não tinha indicação na bula para ser usada como droga para o controle da obesidade.
Após muitos estudos e pesquisas, finalmente, o medicamento foi aprovado para este fim, porém com uma dosagem diferente da que é usada para o controle do diabetes tipo 2.
A Ozempic, nome comercial do fármaco, é comercializada nas dosagens de 0,25 mg e 1 mg, na versão injetável 1x por semana, ou na versão oral, com o nome comercial de Rybelsus, 1x ao dia, ambas as versões podem ser ministradas junto a outros medicamentos para o controle do DM2. Já a semaglutida usada para o controle da obesidade será comercializada na dosagem 2,4 mg.
Nos Estados Unidos, o FDA, órgão regulatório de medicamentos, semelhante a Anvisa, já aprovou a droga, que tem o nome comercial de Wegovy. Aqui no Brasil, segundo o fabricante, o medicamento estará disponível para comercialização até o meio de 2023.
Outros estudos apresentados no EASD, mostraram ainda mais benesses da semaglutida, como no tratamento de doenças do coração, controle da pressão arterial e no tratamento do NASH, uma doença hepática gordurosa metabólica, que causa uma cirrose em pessoas não alcóolicas.
*A jornalista Bianca Fiori viajou para o Congresso EASD a convite da empresa Novo Nordisk.
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