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Entrevistas Glic – Tecnologia e tratamento em diabetes

O primeiro aplicativo brasileiro de controle da glicemia conta com uma equipe de profissionais mega comprometidos com o bem-estar dos usuários.

Bianca Fiori | 30/09/2019

Mais intuitivo, rápido e prático de usar, a versão moderna do Glic (gliconline. com.br) traz uma timeline associada ao gráfico de glicemia, que lista as principais ações tomadas no dia a dia do tratamento, além de possibilitar lançamentos retroativos e facilitar a interação à distância entre médico e paciente.

Disponível gratuitamente, o aplicativo ajuda a contar os carboidratos das refeições, calcular a dose de insulina a ser administrada e gera relatórios importantes para nortear ajustes na terapia.

O grande diferencial do APP, no entanto, não está na tecnologia e, sim, no time de profissionais envolvidos. A começar por seus idealizadores, a endocrinologista Karla Melo, que tem diabetes tipo 1, e seu marido Floro Dória, formado em ciências sociais, medicina e sistemas de informação, que queriam desenvolver um aplicativo para descomplicar a rotina dos pacientes.

Em 2004, o sonho se tornou realidade, cresceu e ganhou novos colaboradores, entre eles os jovens Gabriel Schön e, que, entre outras funções, atuam nos bastidores do Glic, respondendo ou encaminhando para a equipe médica todas as dúvidas dos usuários.

Na 5º edição da Momento Diabetes (adquira a sua clicando aqui), entrevistamos os dois, Claudia formada em Marketing com pós em Psicanálise e diagnosticada com diabetes e Gabriel, que estudou ciências sociais e na época já acumulava dez anos de experiência como gerente de projetos.

Na entrevista a seguir, eles detalharam as novidades do Glic e contaram sobre a experiência de fazer parte desse movimento em prol do diabetes.

 

Momento Diabetes: O que o Glic faz?

Claudia Labate: Ele auxilia pessoas com diabetes de qualquer tipo na rotina de cuidados do tratamento por meio de diversas funcionalidades, como consulta e registro de carboidratos, cálculo de dose de insulina, lembretes de medicamentos e registro de glicemia. Além de participar do dia a dia de quem tem diabetes, o Glic se conecta com a equipe médica em tempo real, permitindo decisões mais assertivas no tratamento.

MD: Quando o aplicativo foi lançado e como ele funcionava?

Gabriel Schön: Começamos em 2004 com um aparelho URA, sigla de Unidade de Resposta Audível, um tipo de secretária eletrônica pronta para dar informações em que os usuários cadastrados ligavam, digitavam a glicemia, diziam o alimento que iam comer e o software respondia informando a quantidade de carboidratos da refeição e o cálculo da dose de insulina. Essa tecnologia foi inserida em feature phones (aparelhos que antecederam os celulares inteligentes) e passou por um extenso estudo de validação no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, coordenado pela nossa fundadora, Dra. Karla Melo. Em seguida, criamos uma calculadora on-line muito difundida na época, que por fim se transformou em um aplicativo, acompanhando todas as ondas tecnológicas para conseguir entregar a melhor solução para o tratamento do diabetes com terapia basal-bolus.

MD: O Glic surgiu, então, para facilitar a rotina de quem contava carboidratos de cabeça ou na calculadora?

Claudia: Sim. O nosso objetivo foi sempre automatizar os cálculos de carboidratos e dose de insulina, registrar alimentação, glicemia e medicação, para que as decisões do tratamento, feitas junto com a equipe médica, fossem embasadas em dados seguros, dando mais qualidade de vida e liberdade para quem tem diabetes.

MD: Ele é gratuito?

Claudia: Totalmente gratuito, tanto para pacientes quanto para médicos, e está disponível em Android e iOS. O Glic foi a primeira startup no Brasil, na área de diabetes, a receber investimento, o que possibilitou realizarmos tantas mudanças, como torná-lo free e acessível na versão 2.0 do app.

MD: Além de ser um aplicativo para controle do diabetes, o que mais o Glic representa?

Gabriel: Consideramos o Glic um movimento em diabetes, muito mais que um app. Nossa missão é democratizar o acesso ao tratamento, isto é, encontrar meios de comunicação e tecnologia para conseguir que cada vez mais pessoas possam aplicar conceitos como contagem de carboidratos e cálculo de dose de insulina de forma simples. O Glic tem um papel importante na luta pelos direitos da pessoa com diabetes. Um exemplo disso foi a nossa participação nas discussões pela liberação das insulinas análogas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois a partir de dados do Glic, verificamos que a maior parte dos usuários com bom controle glicêmico não usa NPH e Regular.

 

MD: Como é a interação da equipe do Glic com os usuários?

Claudia: Temos um canal de atendimento em que auxiliamos pessoas com diabetes e seus cuidadores com dúvidas sobre conceitos do tratamento, evitando palavras técnicas, para que consigam compreender e concluir o cadastro inicial, além de tirar dúvidas sempre que necessário. Tudo isso por meio de uma escuta empática e sem julgamentos, supervisionada pela nossa equipe médica. Também atendemos profissionais de saúde, para que possam ter um maior domínio sobre a ferramenta e dar suporte aos seus pacientes no sistema.

MD: Sabemos que o empoderamento no diabetes é bem-vindo. Porém, não é arriscado os pacientes se envolverem tanto com o aplicativo a ponto de deixar de procurar o médico?

Claudia: Para tratar o diabetes a equipe médica é imprescindível. Acreditamos inclusive que o paciente só se sente verdadeiramente empoderado quando tem um suporte contínuo para seguir a prescrição médica com segurança e confiança. Além de boas glicemias, os profissionais de saúde também auxiliam a lidar de forma saudável com o diabetes, compartilhando o peso das decisões relacionadas a uma doença crônica. E o Glic vem para facilitar a interação médico/paciente, não para substituir.

Gabriel: Entendemos que ter diabetes é como jogar futebol. O treinador ensina a chutar a bola, driblar e criar estratégias de jogo, assim como o médico faz em relação ao tratamento. Entre um treino e outro (ou entre uma consulta e outra) você joga, usando o Glic, para ter autonomia e se tornar um craque no seu próprio tratamento.

 

MD: E como ocorre essa interação entre médico e paciente por meio do aplicativo?

Claudia: A plataforma permite que a equipe médica crie a prescrição e acompanhe em tempo real os lançamentos de glicemia, alimentação e medicamentos feitos pelo usuário. Com base nos relatórios que o aplicativo gera, o médico pode fazer os ajustes necessários no tratamento para melhorar a qualidade de vida do seu paciente. Para isso, o médico pode cadastrar o paciente ou o próprio paciente pode associar o seu cadastro ao do especialista ou nutricionista.

MD: Como está o reconhecimento do público em relação ao novo app?

Gabriel: No novo app, incluímos funcionalidades que eram solicitadas pelos usuários, tais como lançamentos retroativos e uma timeline associada ao gráfico de glicemia, que lista as principais ações tomadas no dia a dia do tratamento. Essas novidades deixaram o aplicativo mais intuitivo, rápido e prático. Temos recebido feedbacks muito positivos, por exemplo, de que o aplicativo ficou mais fácil e gostoso de usar. Com isso, notamos um sensível aumento no número de usuários ativos. Mas nós ainda não estamos satisfeitos. Há várias funcionalidades para incluir que virão nas próximas atualizações. Por enquanto, o mais importante é saber que as pessoas usam e vêem o impacto do app no controle glicêmico.

MD: Algumas pessoas que trabalham no Glic têm diabetes. Isso faz a diferença para o sucesso da empresa?

Claudia: Brincamos que no nosso time somamos mais de 60 anos de diabetes. A Karla Melo, criadora do aplicativo, e eu somos tipo 1 e chamamos carinhosamente aqueles que não têm a disfunção de “tipo <3” (risos). Para além do diabetes, acreditamos que o que nos une é a vontade de desempenhar um trabalho que faça a diferença e ajude as pessoas a terem um melhor tratamento e mais qualidade de vida.

MD: Que mensagem gostariam de deixar para os nossos leitores?

Claudia: É importante que cada pessoa encontre a sua forma criativa de tratar o diabetes e não se sinta sozinha. Hoje existem várias opções de medicamentos, diversos aparelhos para medir glicemia, métodos diferentes de tratamento, mas não há uma única forma ou a mais correta. O melhor tratamento é aquele que dá certo para você em cada momento da sua vida. Nem sempre é fácil, mas sempre é possível. Juntos somos mais fortes.

 

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