Pequenos e, aparentemente, inofensivos machucados podem surgir nos pés quando o controle do diabetes não está adequado e se tornarem rapidamente portas de entrada para bactérias. O Dr. João Paulo Tardivo, médico cirurgião vascular no Ambulatório de Pé Diabético do Hospital Municipal de São Bernardo do Campo (SP), explica que a insulina é importante na imunidade e nas reações bioquímicas do corpo. Por isso, pessoas que não produzem insulina ou têm resistência insulínica podem apresentar uma resposta mais fraca às infecções, estando mais propensas a se contaminarem.
“Por outro lado, a falta de insulina aumenta muito a quantidade de glicose no sangue. Essa glicose em excesso na corrente sanguínea se liga a proteínas e acaba entupindo tanto a macro quanto a microcirculação. Desta forma, quanto mais tempo o indivíduo tem diabetes e quanto menos ele se cuida, maiores são os riscos de desenvolver complicações nos pés, além de neuropatia diabética, nefropatia, AVC, infarto do miocárdio e retinopatia diabética”, completa Dr. João Paulo, que também é doutor e mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e professor associado da disciplina de cirurgia vascular da FMABC.
Um dos sintomas e maior problema que pode ocorrer em quem tem complicações nos pés causadas pelo diabetes é a perda da sensibilidade, porque a pessoa se machuca e não percebe. “Já recebi pacientes com tachinhas (tipos de alfinetes) enfiados no pé e eles não sentiram nada. Certa vez, atendi uma pessoa que passou um dia inteiro trabalhando com um prego enterrado entre a sola do sapato e o pé sem que ela se desse conta. Na hora que ela foi tirar o calçado, ele simplesmente não saía. Resultado: a pessoa teve uma tremenda infecção”, relata Dr. João Paulo.
Fonte: Revista Momento Diabetes nº 32.
***Texto escrito pela Letícia Martins, diretora de redação da revista Momento Diabetes, e publicado na edição 32.
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