Compromisso com a informação de qualidade e responsabilidade na apuração dos fatos são algumas das premissas do jornalismo. E, na era do digital, essas premissas se tornam ainda mais desafiadoras e importantes. Com o objetivo de capacitar comunicadores do país inteiro, a ADJ Diabetes Brasil promoveu, no dia 13 de junho, o 2º Workshop para Influenciadores em Diabetes. O evento teve ainda um segundo dia, no sábado (15 de junho) focado no treinamento de blogueiros em diabetes.
O diretor presidente da ADJ Diabetes Brasil, Gilberto Soares, ressaltou a importância do trabalho dos jornalistas, que, segundo ele, “constantemente são um canal de informação sobre os direitos das pessoas com diabetes e ajudam na conscientização da causa”. Soares comentou como fatores políticos, sociais e econômicos também influenciam o espaço dedicado na mídia e nas pautas públicas para as questões da área do diabetes e ressaltou a necessidade de os veículos de comunicação abordarem mais o tema.
Entre os assuntos discutidos estavam o acesso à medicação e como a quantidade de profissionais e burocracias não condizem com a demanda de pacientes que dependem do SUS.
A jornalista Vanessa Pirolo, coordenadora do projeto Advocacy da ADJ e organizadora do evento, explicou que a associação já levou ao Governo Federal, em conjunto com outras instituições, projetos de políticas públicas para viabilizar a adesão ao tratamento e à retirada dos medicamentos de maneira gratuita nos postos de saúde. Vanessa, que tem diabetes tipo 1 desde 2001, ainda levantou pautas como mercado de trabalho, longevidade e produtividade das pessoas com diabetes.
Cirurgia metabólica e diabetes tipo 2
O médico cirurgião Almino Ramos, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, foi um dos expositores do evento falando sobre a cirurgia metabólica no tratamento para pessoas com diabetes tipo 2 e sobre as características culturais como a alimentação ocidental enquanto fator que interfere no combate da doença e sobre a educação e conciliação entre médico e paciente para que qualquer maneira de tratamento esteja acordada.
A importância do engajamento do paciente foi o ponto principal da palestra da endocrinologista Denise Franco. “Nenhum medicamento ou terapia no mundo, por mais moderno que seja, é eficiente se não houver o engajamento do paciente”, afirmou. A médica atualizou os jornalistas presentes sobre os principais destaques do 79º Congresso da American Diabetes Association (ADA), realizado no dia 11 de junho em São Francisco, na Califórnia.
Usando o exemplo da monitoração contínua de glicose, Denise ressaltou a importância de mostrar resultados junto do paciente. “Temos que envolver o paciente, trazê-lo para dentro do tratamento”, disse, citando exemplos de melhora de quadros clínicos a partir da aproximação e da boa relação entre médico e paciente.
Questões como os diagnósticos a partir da análise genética e o estudo de casos específicos além da observação da população também foram levantadas pelas especialistas.
Ainda levando em conta a importância da adesão ao tratamento, Alice Bricola,farmacêutica e uma das representantes do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS) falou sobre o projeto Glica Melito, que a partir de vídeos, cursos e novas tecnologias, dará instruções para médicos e pessoas que tem DM1 e fazem acompanhamento do pelo SUS.
O material trará questões de autoestima e convivência com a diabetes, atividades físicas e alimentação saudável e os dispositivos de aplicação. O projeto visa capacitar as equipes de saúde e melhorar o comportamento e adesão das terapias a partir de atividades educativas e linguajar acessível.