fbpx

Coloque seu celular no modo retrato

Artigos sobre Diabetes Cuidando da Vida: prevenção ao AVC

Projeto finalista do Concurso CCNTs une saúde digital, WhatsApp e ações no SUS para apoiar pacientes e famílias a fim de reduzir riscos de acidente vascular cerebral.

Rosane da Silva Alves Cunha | 01/07/2025

Cuidando da Vida: prevenção ao AVC

Por Rosane da Silva Alves Cunha*

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca de 15 milhões de pessoas sofrem um AVC a cada ano no mundo, sendo que aproximadamente 5 milhões morrem e outras 5 milhões ficam com sequelas permanentes.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que o AVC continua entre as primeiras causas de internação e óbito por doenças do aparelho circulatório, com agravamento dos fatores de risco associados às Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNTs), como hipertensão, diabetes e obesidade.

Foi nesse cenário, intensificado pelos impactos sociais e sanitários da pandemia de covid-19, que nasceu, em 2020, o projeto Cuidando da Vida: Prevenção do AVC, com o objetivo de desenvolver estratégias de prevenção, acolhimento e reabilitação voltadas às pessoas acometidas pelo AVC e seus familiares. A pandemia evidenciou a urgência de ações educativas acessíveis, contínuas e adaptadas à realidade tecnológica da população. O WhatsApp se consolidou como uma ferramenta essencial de apoio, escuta e difusão de informações seguras, reforçando o papel da saúde digital na promoção da saúde em contextos de isolamento.

As CCNTs, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, são responsáveis por 74% das mortes globais, segundo a OMS. O AVC, por sua vez, é uma manifestação crítica das CCNTs cardiovasculares. A prevenção passa, portanto, por políticas públicas integradas que promovam hábitos de vida saudáveis e o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde. Fatores de risco modificáveis como sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo, consumo abusivo de álcool, obesidade, estresse crônico e falta de acompanhamento médico são amplamente reconhecidos pela World Stroke Organization (WSO) como evitáveis com intervenções de saúde pública efetivas.

O projeto “Cuidando da Vida” atuou de forma inovadora, mesmo durante o auge da pandemia, realizando campanhas educativas, rodas de conversa, orientações sobre autocuidado e estratégias de reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação III (CER III) de Volta Redonda (RJ), unidade referência em atenção especializada no SUS. O WhatsApp foi utilizado para envio de vídeos, áudios explicativos e mensagens educativas. As ações culminaram em mobilizações comunitárias durante o Dia Mundial do AVC, em parceria com a Rede Brasil AVC, que forneceu materiais informativos e apoio técnico para a realização das campanhas.

Desde sua criação, o projeto acolheu aproximadamente 60 pessoas em reabilitação pós-AVC e 180 familiares e cuidadores. Foram promovidas ações de escuta qualificada, apoio emocional, orientações em saúde, reabilitação fisioterapêutica e fortalecimento do vínculo com os serviços da rede municipal. A inclusão dos cuidadores nos processos decisórios do cuidado contribuiu para um modelo mais humano e participativo, em consonância com as diretrizes da OPAS e da Estratégia Global da OMS sobre Reabilitação.

A experiência do projeto reafirma que a prevenção do AVC não pode estar dissociada da promoção da saúde e do combate às desigualdades sociais. É fundamental garantir acesso contínuo à informação de qualidade, ao cuidado integral e à reabilitação multiprofissional. Ao articular saúde digital, educação em saúde, acolhimento humanizado e articulação intersetorial, o projeto fortalece a capacidade de resposta do SUS, amplia a consciência coletiva sobre os fatores de risco e contribui para a redução da carga global da doença.

Próximos passos incluem a inclusão de mais 60 pacientes em reabilitação pós-AVC e suas famílias, ampliando as ações de escuta, orientação em autocuidado, vínculo com a Atenção Básica e com a rede de apoio. Está prevista também a capacitação de profissionais de saúde e a expansão das parcerias com universidades, hospitais, secretarias de saúde e organizações da sociedade civil, garantindo a sustentabilidade e a replicabilidade da iniciativa em outros territórios.

Referências:

  • World Health Organization. World Stroke Factsheet. 2023.
  • World Stroke Organization (WSO).
  • Global Stroke Guidelines and Action Plan.
  • Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Doenças Crônicas não Transmissíveis nas Américas: fatos e números.
  • Ministério da Saúde do Brasil. DATASUS. Indicadores de Internações por AVC.
  • Rede Brasil AVC. Material de Apoio e Campanhas de Prevenção.

 

*Rosane da Silva Alves Cunha é fisioterapeuta, mestre em ciências pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ela destacou recentemente como finalista do Concurso de Melhores Projetos de CCNTs 2025, promovido pelo Fórum CCNTs, alcançando a 4ª colocação entre 15 iniciativas de todo o país.

Foto: arquivo FórumCCNTs

Compartilhe