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Notícias Cuidados ajudam a evitar a periodontite em pessoas com diabetes

Os problemas relacionados à saúde bucal podem ser bem desagradáveis. Cáries, mau hálito e dores de dente podem atrapalhar a vida e são mais suscetíveis em pessoas que tem diabetes. Quer saber por quê? Leia a matéria.

Bianca Fiori | 02/08/2019

Cuidados ajudam a evitar a periodontite em pessoas com diabetes

A relação do diabetes com as infecções bucais é bastante complexa e amplamente pesquisada porque se trata de uma via de mão dupla. “A pessoa com diabetes tem maior probabilidade de desenvolver problemas dentários mais sérios e, por outro lado, a doença periodontal pode intervir no controle glicêmico”, explicou a dentista-cirurgiã Maria Lucia Zarvos Varelli, especialista em odontologia para pacientes com necessidades especiais.

Acontece que a doença periodontal é uma infecção crônica que afeta as estruturas de suporte do dente e quando não é tratada, pode resultar na perda dentária. Ela ocorre devido ao acúmulo de placa bacteriana sobre os dentes, cujas bactérias podem entrar na corrente sanguínea, desencadeando um processo inflamatório que afeta não só os dentes, mas o organismo todo.

Esta inflamação pode dificultar a absorção de insulina e aumentar a resistência insulínica dos pacientes com diabetes, prejudicando assim o controle da glicemia.

 

O que dizem os especialistas?

De acordo o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), a pessoa com diabetes tem um controle deficiente do biofilme dental, uma película invisível a olhos nus e composta por colônias de bactérias.

Essas bactérias podem favorecer a instalação da doença periodontal com maior severidade e velocidade de progressão nas pessoas com diabetes não diagnosticado ou mal controlado, por isso nesse grupo, é observado com maior frequência o aparecimento de placas de pus e cortes periodontais, levando à destruição rápida do suporte ósseo ao redor dos dentes, o que pode interferir na futura manutenção dentária.

Ainda segundo o CROSP, geralmente, a resposta ao tratamento periodontal não é tão boa em pessoas com diabetes e o tratamento odontológico nesses pacientes deve ser seguro e prevenir o estresse, uma vez que, na maioria das vezes, o diabetes, principalmente o tipo 2, vem acompanhado pela hipertensão arterial, ressaltou Maria Lúcia.

“O dentista tem que procurar métodos para diminuir o risco de sangramento, ocasionado pelo aumento da pressão arterial, para assim evitar infecções decorrentes de procedimentos que sangram muito. O tratamento com laser cirúrgico é o mais indicado, pois promove uma melhor coagulação e a cicatrização, melhorando assim a condição do meio bucal e, consequentemente, diminuindo o risco de infecções e o estresse provocado pela dor”, esclareceu a cirurgiã-dentista.

De acordo com Gilberto Soares Casanova, cirurgião-dentista especialista em implante e membro da diretoria da ADJ Diabetes Brasil, é importante estar atento aos detalhes. “Qualquer pedacinho de comida que fique entre os dentes por várias horas pode desencadear um problemão”, disse ele.

Logo, por mais clichê que soe, o melhor mesmo é prevenir do que remediar. Manter os dentes limpos, escová-los após as refeições e usar sempre o fio dental são regrinhas básicas que mantêm a higiene da boca e ajudam a evitar a doença periodontal.

 

Mau hálito e o diagnóstico

A halitose, ou mau hálito, também pode estar associado ao diabetes. Segundo Maria Lucia, a periodontite por si só já é fator desencadeador da halitose. “Os pacientes com o diabetes descompensado podem ter hálito cetônico, pela liberação de corpos cetônicos, resultantes da degradação de ácidos graxos. Quando a doença renal está associada, este hálito pode estar alterado também pelo acúmulo de ureia no sangue, o que leva a um hálito urêmico, lembrando o cheiro de amônia”, descreve.

Contudo, o mau hálito não é algo exclusivo de quem tem diabetes. Cerca de 50 milhões de pessoas, ou seja, 30% da população brasileira, sofre desse transtorno, segundo uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Halitose (ABHA).

Diferente do que ouvimos dizer, o mau hálito não é uma doença e nem está 100% relacionado a problemas estomacais, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde e também sinalizar alteração fisiológica.

Sendo assim, é um sinal de que algo no organismo está desequilibrado, e deve ser identificado por meio de um diagnóstico correto, tratado adequadamente quando o problema se torna crônico.

 

Fatores que provocam o mau hálito: 

Separamos aqui algumas situações em que o famoso “bafinho” pode aparecer pra incomodar as pessoas, com diabetes ou não:

• Ao acordar ou depois de ficar muito tempo em jejum. Devido as várias horas sem ingestão de alimento, nosso organismo produz pouca saliva e a boca fica seca e suscetível a ação das bactérias que causam o odor.

• Mau hálito transitório, decorrente da ingestão de alimentos como cebola ou alho, por exemplo.

• Saburra – são aquelas placas brancas, bacterianas, que ficam na língua e não são removidas. Por isso, é importante sempre escovar a língua quando fizer a profilaxia oral, existe até um objeto específico para essa finalidade.

• Placas bacterianas nas amídalas.

• Problemas nas vias aéreas, como rinites, sinusites, gripes e resfriados.

• Doenças da gengiva (gengivite).

• Estresse.

• Razões sistêmicas, como o diabetes, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre acentuada, entre outras.

• Uso excessivo de medicações.

• Fumo, drogas e consumo de bebidas alcoólicas.

• Utilização de soluções para bochecho com álcool na composição também são fatores que podem comprometer o hálito.

  

O que fazer?

É importante lembrar que a consulta com o cirurgião-dentista é a melhor das alternativas antes de improvisar qualquer tratamento. O que não significa que devemos descuidar da nossa saúde bucal.

 

E o antisséptico bucal, pode?

De acordo com a orientação da dentista-cirurgiã Maria Luca, o antisséptico bucal é válido somente quando for recomendado pelo cirurgião-dentista para o tratamento das doenças bucais. “Os antissépticos mais utilizados na periodontite são aqueles que contêm clorexidina. Eles devem ser usados por uma semana, com bochechos diários, pela manhã e à noite, para descontaminação do meio bucal. É importante destacar que deve ser utilizada a apresentação sem álcool, pois este ingrediente tem o potencial de irritar a mucosa da boca”.

Além disso, para que tem diabetes, a dica é sempre escovar os dentes depois de uma hipoglicemia. Quem tem diabetes pode se sentir mal à noite com a queda brusca da glicemia, e nesses momentos é necessário comer ou beber algo doce para que a taxa de açúcar no sangue volte ao normal.

A hipoglicemia noturna é uma situação supercomplicada e desagradável, que deixa qualquer um desorientado, mas mesmo assim é recomendado que a pessoa não deixe de escovar os dentes depois de corrigir a glicemia, para evitar cáries e outros problemas bucais.

 

 

Imagem: freepik

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