Muita gente acredita que desenvolveu diabetes porque passou por um trauma grande ou uma situação muito triste, como um acidente ou a morte de um parente querido, por exemplo. Há pais que se culpam porque o filho desenvolveu o diabetes após a separação do casal ou porque tiveram que mudar de cidade, estado ou país. E essas pessoas acabam falando que têm diabetes emocional. Mas será que diabetes emocional existe mesmo?
O termo “diabetes emocional” não caracteriza uma doença propriamente dita, como acontece com o diabetes tipo 1, que é uma doença autoimune, ou com o diabetes tipo 2, associado a diversos fatores, como hereditariedade, obesidade, sedentarismo, entre outros.
No entanto, a endocrinologista Denise Franco, pesquisadora do Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin) e diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes, explica que as emoções podem, sim, interferir no controle glicêmico e fazer a taxa de açúcar subir.
“O estresse pode afetar o dia a dia de quem tem diabetes de várias maneiras e apresentar sintomas diferentes”, afirmar a médica.
Papo de Consultório
Na seção Papo de Consultório, da revista Momento Diabetes nº 16 (clique aqui para adquirir a sua), Denise ilustra esse assunto com uma situação real, do garotinho Enzo, de 9 anos de idade. A mãe percebeu que toda vez que o filho assistia ao jogo do Palmeiras, time do coração dele, o garoto ficava com hiperglicemia. Mesmo quando o Palmeiras ganhava. Assim, a mãe sabia que, se tinha jogo, podia preparar as doses extras de insulina.
Por esta razão, os familiares de Enzo achavam que o diabetes dele era do tipo emocional. Porém, Enzo tem diabetes tipo 1, uma doença autoimune, sem causa conhecida, que compromete o funcionamento do pâncreas. Por causa do diabetes tipo 1, as células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, param de funcionar e a taxa de açúcar no sangue fica descontrolada.
Causa do diabetes
É importante entender que a medicina e a ciência ainda não descobriram a causa desse ataque às células beta, isto é, ainda não se sabe por que as células beta param de produzir insulina. Mas muita coisa já se a respeito do tratamento do diabetes e uma delas é que as emoções em demasia (ficar muito triste, ficar muito alegre, ficar muito nervoso, etc), pode alterar o controle glicêmico, fazendo a glicemia subir.
No caso do Enzo, por exemplo, a hiperglicemia em dia de jogos do Palmeiras era uma resposta do estresse no organismo do menino, que ficava emocionado independentemente das vitórias ou derrotas do time e como consequência tinha mais açúcar liberado em seu corpo, que não produzia insulina suficiente, levando-o a uma hiperglicemia.
E o diabetes tipo 2?
Ele também pode oscilar conforme os níveis de estresse, ansiedade, nervosismo…
Ou seja, quem tem diabetes tipo 2 também precisa cuidar da saúde emocional para não colocar o controle glicêmico em risco.
Por isso, Denise gosta de separar alguns minutos da consulta médica para falar sobre os sentimentos e estar atento para saber reconhecer reações físicas e psicológicas ao estresse, que pode atingir pessoas com diabetes de várias maneiras e com sintomas diferentes.
Além do acompanhamento psicológico, pessoas que têm diabetes podem fazer exercícios pessoais para lidar com o estresse, como identificar quais situações estão condicionando o sentimento e como você pode entendê-las, praticando atividades físicas.
Ao se exercitar o corpo libera endorfina, reduzindo os efeitos do estresse, apostando em técnicas de relaxamento, se alimentando de maneira saudável e se necessário, adaptando a terapia junto ao médico, para que em determinadas situações o corpo já esteja preparado para o aumento da glicose no organismo.
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