Quando Carolina Garcia Santos, de São Paulo (SP), colocou a bomba de insulina pela primeira vez, não se conteve. “Chorei mesmo, pois era o início de dias mais tranquilos. Eu tinha frequentes hipoglicemias e meus pais não sabiam o que era dormir em paz”, explica a analista financeira, diagnosticada com diabetes tipo 1 (DM1) em 1983, aos 5 meses de vida. Foram 15 anos aplicando insulina com seringa e medindo a glicemia inúmeras vezes, inclusive no meio da noite. Em 2020, o filho de Carolina, Nícolas, então com 9 meses de vida, também recebeu o diagnóstico de DM1. Mas o tratamento dele já começou mais confortável e seguro em relação ao da mãe. No início, ela usava canetas e conseguia aplicar meia unidade de dose de insulina no filho.
A agulha de 4 milímetros também era um conforto para o garotinho, que não chorava com as injeções. Pouco tempo depois, a família conseguiu, por meio de uma ação administrativa, instalar a bomba de insulina integrada ao sensor de glicose. “Foi aí que experimentamos o potencial da tecnologia”, diz a mãe. “Crianças pequenas e bebês precisam de microdoses de insulina, o que é quase impossível conseguir com o uso de canetas, principalmente a maioria que libera insulina de 1 em 1 unidade”, explica Dra. Vanessa Montanari, médica endocrinologista IBTED Tecnologia e Educação em Diabetes.
Ela destaca que há vários trabalhos científicos que comprovam que a bomba de infusão de insulina reduz muito o risco de hipoglicemias assintomáticas, principalmente as noturnas, que são as mais perigosas.
A história de Carolina e Nícolas é semelhante à de muitas pessoas que vivem com diabetes tipo 1 e encontram na tecnologia uma grande aliada. Mas será que qualquer pessoa pode usar bomba de insulina? O médico Dr. Ronaldo José Pineda Wieselberg, vice-presidente da ADJ Diabetes Brasil, explica que sim, mas esclarece que, antes de decidir mudar de terapia, é importante saber alguns detalhes. “Não existe contraindicação, desde que a pessoa saiba fazer contagem de carboidratos e consiga monitorizar a glicose no organismo, além de estar motivada para o uso da bomba”, declarou.
A bomba de insulina é indicada geralmente para pessoas que têm hipoglicemias assintomáticas, crianças muito pequenas, gestantes ou mulheres que pretendem engravidar. “Muitas vezes, essas pessoas precisam de diferentes doses de insulina basal ou diferentes quantidades de insulina para a alimentação ao longo do dia, bem como maior necessidade de intervenções. Por isso, o uso do dispositivo auxilia em muito nesses casos”, disse Dr. Ronaldo, que está se especializando em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de São Paulo e fazendo Mestrando em Saúde Pública pelo Imperial College London. Ele acrescenta: “Pessoas com rotinas mais corridas, como profissionais da saúde, que não podem parar o cuidado dispensado a um paciente para aplicar sua própria insulina, ou jornalistas, que não podem deixar escapar um furo de reportagem, também se beneficiam da bomba de insulina”.
Fonte: Revista Momento Diabetes nº 33.
***Texto escrito pela Letícia Martins, diretora de redação da revista Momento Diabetes, e publicado na edição 33.
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