Da criação de um novo medicamento até a aprovação pelos órgãos competentes, um longo e rigoroso caminho é percorrido. São de 9 a 15 anos de estudos e muitas drogas nem chegam ao conhecimento dos pacientes. “De cada 10 mil compostos pesquisados pela indústria farmacêutica, 250 vão para a fase pré-clínica, somente cinco serão estudados em seres humanos e geralmente um será aprovado”, conta o endocrinologista Mauro Scharf, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. Depois de liberados para o uso, os fármacos continuam sendo estudados com o objetivo de se descobrir ou verificar os efeitos e a segurança deles na saúde dos pacientes. O Brasil possui centros de pesquisa que são referência mundial na área de diabetes e se destacam pela excelência dos profissionais e o trabalho humanizado que desempenham. Em São Paulo, por exemplo, o Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin) reúne profissionais de diversas especialidades clínicas, como endocrinologia, nefrologia, infectologia, cardiologia, entre outros.
“O voluntário da pesquisa é acompanhado por uma equipe multidisciplinar especializada, na maioria das vezes vinculada a centros de excelência e passa a ter um melhor controle da disfunção.”
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Na capital paranaense, o Centro de Diabetes Curitiba, do qual doutor Mauro é um dos fundadores e diretores, foi criado em 1999, baseado no modelo do International Diabetes Center de Minneapolis, nos Estados Unidos. Localizado dentro do Hospital Nossa Senhora das Graças, oferece atendimento multidisciplinar aos pacientes, realiza estudos científicos e pesquisas clínicas em níveis nacional e internacional. Há várias pesquisas em andamento no CDC e outras em fase de recrutamento. Por lei, no Brasil, os pacientes não podem receber dinheiro nem pagar para participar de pesquisas clínicas. Contudo, recebem ajuda de custo para deslocamento e alimentação e ganham todos os exames, consultas e medicamentos, custeados pelo estudo.
“O maior benefício de ser voluntário em pesquisas clínicas é que o paciente será acompanhado por uma equipe médica multidisciplinar, receberá os medicamentos e orientações que precisa para controlar bem o diabetes”, explica Marinez Pugsley, coordenadora de pesquisa do CDC. “O objetivo é que ele saia daqui sabendo se cuidar sozinho. Geralmente, ele fica satisfeito e quer participar de outros estudos”, completa.
Por outro lado, o voluntário precisa ter um compromisso com as consultas pré-agendadas, embora, perante a lei, ele possa desistir a qualquer momento. O endocrinologista André Vianna, pesquisador do CDC, explica que por se tratar de uma investigação clínica, existe um risco de efeito colateral desconhecido, no caso das pesquisas com medicamentos, mas é pequeno tendo em vista que as medicações são submetidas a diversos testes em animais antes de ser aplicadas nos seres humanos. “Todo o respaldo médico e atendimento, em caso de hospitalização por algum motivo, é coberto pelo centro de pesquisa”, esclarece Vianna.
“O objetivo é que o paciente saia daqui sabendo se cuidar sozinho. Geralmente, ele fica satisfeito e quer participar de outros estudos.”
Marinez Pugsley, coordenadora de pesquisa do CDC
O grande porém Além da burocracia para aprovação dos projetos, os centros de pesquisa muitas vezes encontram dificuldade em recrutar voluntários por diversos motivos, entre eles, o medo ou o receio por parte dos pacientes, a falta de conhecimento sobre o processo de recrutamento ou porque o candidato realmente não se encaixa no perfil. Por exemplo, entre as diversas pesquisas em fase inicial, o Centro de Diabetes Curitiba está recrutando pacientes com diabetes tipo 2 para participar de um estudo que visa avaliar as melhores formas de controle de picos de açúcar no sangue para reduzir complicações da doença, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), problemas nos rins e visão. Os interessados precisam ter mais de 40 anos de idade, não usar medicamentos para controle ou apenas o medicamento Metformina – também conhecido como Glifage.
Os voluntários receberão um monitor contínuo de glicemia e terão acompanhamento com especialistas do CDC, orientações nutricionais, consultas médicas, exames e medicamentos usados na pesquisa, que dura cerca de cinco meses. É necessário que o paciente compareça ao Hospital Nossa Senhora das Graças, na capital paranaense, cinco vezes ao longo desse período. Pessoas de qualquer cidade que se encaixam nos requisitos da vaga podem se candidatar. A equipe do CDC avaliará todo o perfil e dará retorno. Outro estudo clínico procura crianças e adolescentes com diabetes tipo 1, idade entre 6 e 17 anos e hemoglobina glicada de 7,5% e de 10%, respectivamente, que utilizem insulina glargina e lantus. O tempo de duração desta pesquisa será de um ano e meio, o paciente terá de comparecer sete vezes no centro e fará consultas por telefone.
Voluntário Consciente
Embora perante a lei, o paciente que participa de pesquisa clínica possa desistir a qualquer momento, ele precisa assinar um termo de compromisso com as consultas pré-agendadas e seguir o tratamento conforme orientação da equipe médica. Confira os benefícios para o paciente:
• Recebe orientação e acompanhamento médico de qualidade com equipe multidisciplinar;
• Realiza exames e consultas gratuitamente, enquanto durar o estudo;
• Aumenta a adesão no tratamento e, consequentemente, melhora o controle glicêmico;
• Ganha insulina e/ou medicamentos e insumos, como glicosímetro e fitas reagentes;
• Recebe ajuda de custos para transporte, alimentação e hospedagem;
• Aprende a controlar a alimentação;
• Contribui para o avanço da medicina.
Contato
O Centro de Diabetes Curitiba está localizado no 4º andar do Hospital Nossa Senhora das Graças, na Avenida Manoel Ribas, 1226, nas Mercês. Mais informações pelo telefone (41) 3023-6880 ou por e-mail adm@centrodediabetes.com.br
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