Médico e vice-presidente da ADJ Diabetes Brasil, Dr. Ronaldo Wieselberg esclarece dúvidas importantes sobre o diabetes que ainda pairam no ar.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
Existem muitos tipos de diabetes e provavelmente você já ouviu falar sobre o tipo 1, mais comum em crianças e adolescentes, mas que também pode ocorrer em adultos; o tipo 2, relacionado ao estilo de vida e mais frequente em adultos, e o diabetes gestacional, que aparece durante a gestação. Mas e o pré-diabetes, seria um novo tipo de diabetes?
Para esclarecer esta dúvida, entrevistamos o médico Dr. Ronaldo José Pineda Wieselberg, especializando em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de São Paulo; mestrando em Saúde Pública pelo Imperial College London e vice-presidente da ADJ Diabetes Brasil.
Momento Diabetes: O que é o pré-diabetes?
Dr. Ronaldo Wieselberg: Pré-diabetes não é uma “pré-doença”, como muitas pessoas entendem. Na letra fria dos consensos médicos, é uma condição caracterizada pelo aumento da glicemia, porém em valores não tão altos que diagnostiquem diabetes propriamente dito. Isso indica que o organismo da pessoa, em virtude dos outros fatores de risco para desenvolver o diabetes tipo 2 que já mencionamos, já não consegue produzir insulina em quantidade suficiente para manter a glicose dentro dos parâmetros de normalidade.
É possível evitar que o pré-diabetes evolua para o diabetes tipo 2?
Dr. Ronaldo Wieselberg: Para evitar a progressão do pré-diabetes para o diabetes tipo 2, a receita é fácil de falar, mas difícil de fazer: perda de peso, atividade física, alimentação equilibrada… E em alguns casos selecionados, uso de medicações.
Momento Diabetes: Como os familiares podem ajudar no tratamento do diabetes?
Dr. Ronaldo Wieselberg: Primeiramente, não julgando nem recriminando a pessoa com diabetes! Em geral, o contexto social que levou aquela pessoa a manifestar o diabetes não é exclusivo de uma pessoa só. As famílias de pessoas com diabetes compartilham os mesmos alimentos, rotinas parecidas – especialmente quanto à prática de atividades físicas – e por vezes várias pessoas no mesmo núcleo familiar estão acima do peso, e portanto, em alto risco de desenvolver diabetes também!
Momento Diabetes: Então, a ideia de que “apenas” a pessoa com diabetes precisa mudar a dieta, começar a se exercitar, perder peso… Soa esquisito, não?
Dr. Ronaldo Wieselberg: Exatamente. Uma forma de apoiar a pessoa com diabetes, então, é mudando o entorno da pessoa, para melhor – por exemplo, uma família que reduz o consumo de alimentos processados e ultraprocessados e começa a se exercitar junto da pessoa com diabetes, compreendendo que a pessoa não tem culpa da condição, tem muito mais sucesso do que uma família que mantém os mesmos hábitos, tornando as mudanças de estilo de vida muito mais difíceis para quem vive com diabetes.
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