Assim como medir a glicemia faz parte da rotina de qualquer pessoa com diabetes, cuidar da saúde bucal também deveria ser prioridade para evitar a periodontite, doença que pode trazer muita dor de cabeça (leia sobre clicando aqui). Agora, o que muita gente não saber é que uma boca saudável aumenta as chances do bom controle glicêmico e vice-versa. Exemplo disse é o mau hálito, também chamado de halitose.
A cirurgiã-dentista Maria Lucia Zarvos Varelli explica a relação: “Os pacientes com o diabetes descompensado podem ter hálito cetônico, pela liberação de corpos cetônicos, resultantes da degradação de ácidos graxos. Quando a doença renal está associada, este hálito pode estar alterado também pelo acúmulo de ureia no sangue, o que leva a um hálito urêmico, lembrando o cheiro de amônia”, descreve.
Contudo, o mau hálito não é algo exclusivo de quem tem diabetes. Cerca de 50 milhões de pessoas, ou seja, 30% da população brasileira, sofre desse transtorno, segundo uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Halitose (ABHA).
Diferente do que ouvimos dizer, o mau hálito não é uma doença e nem está 100% relacionado a problemas estomacais, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde e também sinalizar alteração fisiológica.
Sendo assim, é um sinal de que algo no organismo está desequilibrado, e deve ser identificado por meio de um diagnóstico correto, tratado adequadamente quando o problema se torna crônico.
Fatores que provocam o mau hálito:
Separamos aqui algumas situações em que o famoso “bafinho” pode aparecer pra incomodar as pessoas, com diabetes ou não:
- Ao acordar ou depois de ficar muito tempo em jejum. Devido as várias horas sem ingestão de alimento, nosso organismo produz pouca saliva e a boca fica seca e suscetível a ação das bactérias que causam o odor.
- Mau hálito transitório, decorrente da ingestão de alimentos como cebola ou alho, por exemplo.
- Saburra – são aquelas placas brancas, bacterianas, que ficam na língua e não são removidas. Por isso, é importante sempre escovar a língua quando fizer a profilaxia oral, existe até um objeto específico para essa finalidade.
- Placas bacterianas nas amídalas.
- Problemas nas vias aéreas, como rinites, sinusites, gripes e resfriados.
- Doenças da gengiva (gengivite).
- Estresse.
- Razões sistêmicas, como o diabetes, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre acentuada, entre outras.
- Uso excessivo de medicações.
- Fumo, drogas e consumo de bebidas alcoólicas.
- Utilização de soluções para bochecho com álcool na composição também são fatores que podem comprometer o hálito.
O que fazer?
É importante lembrar que a consulta com o cirurgião-dentista é a melhor das alternativas antes de improvisar qualquer tratamento, o que não significa que devemos descuidar da nossa saúde bucal.
E o antisséptico bucal, pode?
De acordo com a orientação da dentista-cirurgiã Maria Luca, o antisséptico bucal é válido somente quando for recomendado pelo cirurgião-dentista para o tratamento das doenças bucais. “Os antissépticos mais utilizados na periodontite são aqueles que contêm clorexidina. Eles devem ser usados por uma semana, com bochechos diários, pela manhã e à noite, para descontaminação do meio bucal. É importante destacar que deve ser utilizada a apresentação sem álcool, pois este ingrediente tem o potencial de irritar a mucosa da boca”.
Além disso, para que tem diabetes, a dica é sempre escovar os dentes depois de uma hipoglicemia. Quem tem diabetes pode se sentir mal à noite com a queda brusca da glicemia, e nesses momentos é necessário comer ou beber algo doce para que a taxa de açúcar no sangue volte ao normal.
A hipoglicemia noturna é uma situação supercomplicada e desagradável, que deixa qualquer um desorientado, mas mesmo assim é recomendado que a pessoa não deixe de escovar os dentes depois de corrigir a glicemia, para evitar cáries e outros problemas bucais.
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