Por Natalia Bortolotti*
Desde 2016, a Momento Diabetes vem contando histórias emocionantes de pessoas com diabetes que superaram o diagnóstico e vivem de forma positiva. Uma dessas histórias eternizadas na sessão Diário de Bordo é a do ex-atleta Daniel Caputo, de 44 anos, que tem diabetes tipo 1 desde os 14 anos. Ele foi diagnosticado em uma época na qual o acesso a informações sobre saúde era difícil. Por um longo tempo, Daniel negligenciou o tratamento a tal ponto que, aos 16 anos, ficou internado em coma por 21 dias. “Quando acordei do coma, vi que todos os meus familiares e amigos estavam sofrendo muito e entendi que, se eu tivesse morrido, as pessoas que me amavam iriam sofrer muito mais. Foi aí que percebi que eu estava sendo egoísta de só olhar para mim mesmo”, disse Daniel.
A partir desse dia, Daniel começou a cuidar da saúde e passou a investir ainda mais no karatê, esporte que treinava desde os 10 anos. Conquistou quatro medalhas no campeonato mundial, foi vice-campeão mundial na Itália, em 2005, e ficou em terceiro lugar no campeonato mundial na Espanha, em 2007. Conforme participava das competições, mantinha um controle restrito da alimentação e do diabetes. Apesar disso, vivenciou alguns episódios de hipoglicemia, chegando até a desmaiar após uma competição.
Mas ele sempre teve o apoio de amigos e treinadores nesses momentos. “Por isso, nunca deixe de contar para as pessoas com quem você convive que você é diabético e o que fazer em caso de uma hipoglicemia. Isso pode salvar sua vida. Nesse dia em que eu apaguei, a primeira pessoa que me atendeu foi um colega de treino, que era faixa preta também. Eu tinha uma injeção de glucagon no local dos treinos. Ele sabia o que fazer e prontamente aplicou em mim. Acordei em uma ambulância”, lembra o atleta.
Para ele, o diabetes nunca foi motivo para se vitimizar. Pelo contrário, precisou ser forte e disciplinado para conquistar tantas medalhas e troféus. “Em uma competição, ninguém quer saber se você é diabético ou não. Você precisa fazer o seu melhor tendo diabetes ou não.”
A vida de uma pessoa com diabetes nos Estados Unidos
Em 2009, Daniel participou do último campeonato mundial da sua carreira, na Ucrânia. Hoje, ele mora em Atlanta, no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, e conta um fato curioso: “Consegui o meu Green Card comprovando minha carreira como atleta, mostrando as competições e trabalhos realizados como palestrante, além de apresentar a reportagem sobre minha história na Momento Diabetes”.
Hoje, Daniel atua em ONGs (Organizações Não Governamentais), conscientizando principalmente crianças e familiares sobre a importância de manter uma alimentação saudável e evitar os excessos de comida industrializadas, por exemplo, hábito muito comum nos Estados Unidos e que contribui para o aumento de casos de diabetes tipo 2 e obesidade tanto em adultos quanto em crianças e jovens. Ele fala sobre a dificuldade de acesso à saúde nos Estados Unidos. “Aqui nos Estados Unidos, muitas pessoas fazem racionamento de insulina quando não têm dinheiro para comprar a insulina. Por exemplo, se ela precisa de 20 unidades de insulina, mas não consegue comprar naquele mês, ela aplica oito unidades apenas. Isso é um problema sério. Não temos um sistema público de saúde como existe no Brasil”, comenta.
Por essa razão, Daniel investe boa parte do tempo dele conscientizando outras pessoas sobre a importância de prevenir o diabetes tipo 2 e de manter um bom controle do diabetes, seja qual for o tipo. Para ele, investir na saúde é a melhor conquista.
*Natalia Bortolotti é estudante de jornalismo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e faz estágio na Momento Diabetes, com supervisão da editora-chefe Letícia Martins.