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Saiu na mídia Insulina: um século de uma das maiores conquistas da medicina

Hormônio que reduz o nível de glicose no sangue já passou por diversas transformações O diabetes mellitus começou a se passar de uma sentença de morte para […]

Redação | 10/08/2021

Hormônio que reduz o nível de glicose no sangue já passou por diversas transformações

O diabetes mellitus começou a se passar de uma sentença de morte para uma doença tratável em julho de 1921. Há exatos 100 anos, cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, isolaram a insulina – hormônio capaz de transportar energia para o interior das células e reduzir os níveis de glicose no sangue.

O médico canadense Frederick Banting e sua equipe iniciaram os testes em cães com diabetes induzida e observaram os resultados.

Os estudos se desenvolveram até que em janeiro de 1922, Leonard Thompson, um garoto diabético de 14 anos foi o primeiro paciente a receber uma injeção de insulina.

Ao longo de um século, a substância evoluiu tanto na fórmula quanto nas formas de aplicação, elevando cada vez mais a eficiência e o bem-estar, principalmente, de diabéticos tipo 1 (aqueles insulino dependentes).

As últimas quatro décadas de desenvolvimento da insulina estão marcadas na pele da belo-horizontina Carol Freitas, 42, seja por uma ou outra marca das agulhadas ou pela tatuagem no pulso que diz “sou diabética”.

Graças ao medicamento, Carol – diagnosticada com a doença desde quando nasceu, em 1979 – se tornou mãe e construiu carreira como relações públicas no agitado mercado de eventos.

“Recebi o diagnóstico com um mês de vida. Foi difícil pelo que se tinha na época. Minha glicose estava em 1.200, e a opção que os médicos tiveram foi aplicar insulina. Na época tinha apenas insulina suína e bovina”, lembra.

Cerca de dez anos mais tarde, ela iniciou um tratamento mais avançado.

“Em meados de 1986, um endocrinologista renomado, o Dr. Chagas, tinha trazido para BH um tratamento de multidose com a insulina NPH, que imita mais o hormônio produzido pelo pâncreas. Eu ‘conto’ os carboidratos que vou ingerir para saber a dose que vou aplicar”, conta Carol.

Em 2010, a gravidez a ajudou na descoberta de um novo tipo de insulina.

“Chegando no Hospital das Clínicas, eu aprendi sobre as doses de insulina basal associada às doses de bolus (outro tipo do hormônio), porque até então eu fazia um tratamento mais arcaico, com uma dose por dia”, explica.

Mesmo já tendo naturalizado o tratamento, Carol ainda consegue refletir e agradecer aos cientistas que atuam no desenvolvimento da substância.

“A insulina é o ar que eu respiro. A força que habita em mim vem da insulina. Não vivo exclusivamente para a diabetes e para aplicar insulina, mas é automático. Concilio meu trabalho e a atenção à minha filha com o tratamento”, diz.

Cerca de meio bilhão de pessoas têm diabetes. Esse número pode chegar a 700 milhões nos próximos 25 anos, conforme projeta a ADJ Diabetes Brasil.

Avanços rumo a mais maneiras inteligentes de aplicação

Depois de superar as agulhas grossas e de ser sintetizada, a insulina promete avançar ainda mais nos próximos anos rumo a maneiras mais inteligentes de aplicação.

Hoje já existem insulinas de ação prolongada, intermediária, rápida e ultra-rápida. E a endocrinologista diretora da ADJ e coordenadora da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Denise Franco, antecipa os próximos capítulos dessa história.

“Está em estudo uma insulina de aplicação por uma vez na semana. E também um dispositivo que vê a quantidade de glicose no organismo e vai liberar a insulina de acordo com aquela necessidade. Isso é um sonho para quem tem diabetes. Porque você não vai depender de contas e de ajustes”, explica Denise.

Lei garante direito ao tratamento

A Lei 11.347 de 2006 dispõe sobre a distribuição de medicamentos e materiais para o tratamento e o monitoramento da diabetes para os usuários do SUS.

A advogada e diretora da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), Ione Fucs, explica como o paciente deve proceder.

“Toda pessoa com diabetes pode ir à UBS mais próxima de sua casa, levar comprovante de residência e identidade e solicitar sua inscrição como pessoa com diabetes. Depois, deverá levar o formulário para o médico preencher e voltar para protocolar na UBS. Qualquer pessoa também pode tirar as insulinas NPH e regular ou glicosímetros, seringas, lancetas e medicamentos”, diz.

A advogada explica que, em caso de recusa, a pessoa deve primeiro recorrer administrativamente à direção da unidade de saúde e, se não tiver sucesso, pode procurar a Justiça. Ione também recomenda que se houver falta de insulinas, a pessoa faça uma queixa na polícia e depois ao Ministério Público.

Histórias materializadas em livro

Inspirada por histórias de pessoas que convivem com diabetes, a jornalista Letícia Martins escreveu o livro “100 Anos de Insulina: A Descoberta Que Salva A Vida De Milhões de Pessoas”. A obra será lançada no dia 14 de agosto, às 9h, em um evento online e gratuito. As inscrições devem ser feitas pelo site www.100anosdeinsulina.com.br.

A história que abre o livro é a de Carmen Wills, uma senhora de 90 anos de idade que tem diabetes tipo 1 há 71 anos. O controle da doença a permitiu comemorar o seu aniversário de nove décadas saboreando um delicioso bolo.

“Por que não reunir histórias dessas pessoas e transformá-las em um material educativo, derrubando mitos sobre a diabetes?”, diz a autora.

Fonte: O Tempo.

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