Por Priscila Horvat*
Um passo importante no acesso à educação foi dado com a atualização do edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025. A partir deste ano, candidatos com diabetes poderão monitorar a glicemia durante a realização da prova usando glicosímetros ou sensores de glicose. O uso do celular, no entanto, continuará restrito, sendo lacrado em porta-objetos individuais.
A mudança aconteceu após uma iniciativa liderada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), que, em parceria com outras entidades, como o Instituto Diabetes Brasil (IDB) e a ADJ Diabetes Brasil, buscou sensibilizar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) sobre a importância da inclusão de adaptações específicas para estudantes com diabetes tipo 1 durante a prova.
Pelas redes sociais, a endocrinologista Dra. Solange Travassos, vice-presidente da SBD, comemorou o avanço: “O INEP foi bastante sensível com as questões enfrentadas pelas pessoas com diabetes tipo 1. Então, quero agradecer ao Instituto por essa iniciativa, que ocorreu depois de várias reuniões no Ministério da Educação. Com isso, os jovens com diabetes vão poder fazer o Enem com maior segurança, com maior tranquilidade e, principalmente, com maior equidade e com seus direitos garantidos”, declarou a médica, que tem diabetes tipo 1 e é uma grande ativista da causa.
A realização de provas longas e em ambientes de controle rígido, como o Enem, pessoas com diabetes podem enfrentar episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia, principalmente devido ao estresse, jejum prolongado ou alterações na rotina alimentar. Sem a possibilidade de monitorar a glicemia de forma adequada, o risco de complicações aumenta.
Até então, candidatos com diabetes enfrentavam obstáculos ao tentar garantir adaptações específicas. Agora, com a nova orientação oficial do edital, os estudantes com diabetes tipo 1 terão a garantia de que poderão utilizar seus aparelhos para monitoramento, o que representa um avanço expressivo na inclusão e uma vitória para a comunidade azul.
Entretanto, é importante ressaltar que essa autorização para o uso do glicosímetro e do sensor (considerados fundamentais para o controle glicêmico) é apenas uma questão de saúde e segurança, e não uma vantagem competitiva, e que o uso de celulares continua vetado durante a prova. Mesmo que alguns sensores de glicose utilizem o smartphone como leitor, a regra estabelecida prevê que o celular será lacrado antes do início do exame, como ocorre com todos os candidatos. Para contornar isso, será permitido apenas o uso de leitores específicos, que não se conectam à internet e cumprem a função de medição.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.