De origem asiática, o caqui ganhou o paladar dos brasileiros no século 19, quando os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao país com a fruta, que facilmente se adaptou ao solo e às condições climáticas das regiões Sul e Sudeste. Em Itatiba, por exemplo, no estado de São Paulo, os agricultores comemoram a colheita no mês de abril com a festa do caqui. Mogi das Cruzes, a 42 quilômetros da capital paulista, também tem a economia aquecida pela safra. O alimento é tão popular lá que a cidade foi apelidada de terra do caqui.
Na Europa, ele é conhecido coma dióspiro, que significa alimento de Zeus, deus da mitologia grega. Por aqui também agrada os nutricionistas devido à abundância de benefícios. “O caqui é uma fonte excelente de vitaminas A, C e E, que auxiliam na defesa e na manutenção do organismo, além de oferecer fibras, que ajudam no bom funcionamento do intestino, e minerais, como cálcio, ferro e zinco”, destaca Eneida Ramos, nutricionista clínica funcional e educadora em diabetes pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
Apesar de existirem variedades que “travam a boca”, quando maduro, o caqui é doce e suculento. Isso faz muita gente pensar que quem tem diabetes deve passar longe dele. Grande mito, afirma Eneida. “Assim como outras frutas adocicadas, entre elas manga, melancia e banana, o caqui foi condenado na dieta desse público porque acredita-se que ele aumenta muito o açúcar no sangue”, explica. De fato, o teor de frutose (açúcar natural) dele não é baixo: são 19,3 g a cada 100 g. Mas o perigo maior, enfatiza a especialista, está no excesso. “Por ser uma fruta bem docinha e gostosa, as pessoas acabam consumindo duas ou mais unidades, correndo o risco de elevar rapidamente a glicemia sanguínea.” [optinlocker]
No entanto, continua a nutri, essas frutas oferecem importantes micronutrientes e compostos bioativos fundamentais para a saúde e “por isso, merecem ser incluídas na alimentação de todos, até das pessoas com diabetes tipo 1 e 2, em quantidades adequadas e bem distribuídas ao longo do dia. O segredo, como sempre, está na moderação, afinal qualquer fruta, se consumida em excesso, aumentará a glicemia.
Bom para os olhos
Quer outro motivo para consumir caqui? Ele é rico em dois potentes antioxidantes: licopeno e o betacaroteno, que atenuam o efeito prejudicial dos radicais livres no nosso organismo. O betacaroteno, em especial, é um grande aliado da saúde ocular, pois ajuda a prevenir problemas de visão, que afetam muitos pacientes com diabetes.
Como consumir
“O ideal é fazer um rodízio no consumo diário das frutas, com três variedades para garantir a oferta de diferentes vitaminas e minerais”, recomenda Eneida. Para quem tem diabetes, uma unidade pequena de caqui (80 a 85 g) por dia, é suficiente. Opte pela fruta in natura (crua), preferencialmente como sobremesa, pois assim as fibras presentes nas verduras, legumes e cereais integrais da refeição vão deixar a absorção dos carboidratos mais lenta, favorecendo um bom controle glicêmico. De vez em quando dá para preparar uma geleia, pudim ou mousse e saborear também, seguindo as orientações do seu nutricionista. Se a ideia é incluir o caqui no lanche da tarde, melhor acrescentar algumas amêndoas ou outra fruta oleaginosa para ajudar a equilibrar a glicemia. Já o suco de caqui já não é uma boa pedida, pois normalmente utiliza-se mais de uma unidade da fruta e o teor de frutose fica alto demais. Se quiser uma bebida com esse sabor opte por um refresco, isto é, caqui batido com água gelada ou com água e limão.
BOXES / GRÁFICOS
Tipos de caqui mais consumidos pelos brasileiros
- Rama Forte: possui coloração vermelha, polpa de consistência mole e gelatinosa.
- Taubaté: tem coloração vermelha e polpa de consistência mole.
- Giombo (tipo chocolate): alaranjado, de consistência firme e crocante.
- Fuyu: alaranjado e de consistência firme também.
As propriedades do caqui
Um caqui médio (de 100 g) oferece:
- Calorias: 71 kcal
- Fibras: 6,5 g
- Cálcio: 18 mg
- Vitamina C: 29,6 mg
- Potássio: 164 mg
- Fósforo: 18 mg
- Carboidrato: 19,3 g
Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco)
Sugestão da nutri
Adepta do “mindful eating”, que é o hábito de comer com atenção plena, Eneida Ramos ensina:
Se o caqui é considerado um alimento dos deuses, experimente saboreá-lo como se fosse um banquete. Feche os olhos e coma bem devagar, desfrutando cada grama dessa fruta poderosa. Desligue a televisão, não mexa no celular, foque sua atenção exclusivamente nessa dádiva que é comer bem. Dessa forma, é possível que você se sinta saciado mais rapidamente e, em consequência disso, coma menos.
DICA: Na hora da compra, observe se a fruta está firme, com a coloração uniforme e sem rachaduras, que aceleram o processo de deterioração.
Foto: Pixabay [/optinlocker]