Parceria entre Ministério da Saúde, Fiocruz, Biomm e farmacêutica Gan&Lee prevê 20 milhões de frascos em um ano.
Por Priscila Horvat*
O Ministério da Saúde anunciou, no início de abril, uma importante medida para ampliar o acesso ao tratamento do diabetes no Sistema Único de Saúde (SUS): a produção nacional da insulina glargina, uma insulina de ação prolongada amplamente utilizada no controle da glicemia de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2.
O anúncio foi oficializado por meio do acordo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que envolve a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a empresa brasileira de biotecnologia Biomm e a farmacêutica chinesa Gan&Lee. A previsão é de que 20 milhões de frascos da insulina glargina sejam entregues ao SUS já em 2025.
Inicialmente, os frascos seriam envasados na fábrica da Biomm em Nova Lima (MG). Porém, com a transferência da tecnologia da farmacêutica Gan&Lee para Biomanguinhos, da Fiocruz, o país passará a produzir, de forma integral, a insulina glargina, incluindo o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).
Essa etapa será viabilizada com a construção de uma nova planta produtiva da Fiocruz em Eusébio (CE), prevista no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que receberá um investimento superior a R$ 930 milhões do Governo Federal. A fábrica deverá atingir uma capacidade de até 70 milhões de unidades por ano ao longo da próxima década.
Impacto na saúde pública
Para os usuários do SUS, a medida representa maior estabilidade no fornecimento da insulina e melhor garantia de acesso contínuo ao tratamento, especialmente em momentos de instabilidade.
A diretora-adjunta de Biomanguinhos, Rosane Cuber, reforçou a importância da nova parceria [durante evento ou comunicado à imprensa]. “Temos longa trajetória de parcerias para o Desenvolvimento Produtivo e de transferência de tecnologias. Essa vai ser mais uma parceria de grande sucesso, vamos internalizar tal novidade dentro do prazo determinado e beneficiar milhões de pessoas”, declarou.
O SUS já disponibiliza gratuitamente quatro tipos do medicamento: as insulinas humanas NPH e regular, além das insulinas análogas de ação rápida e prolongada. Também oferece medicamentos orais e injetáveis para o controle da doença.
Em 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no SUS recomendou a ampliação do uso das insulinas análogas de ação prolongada para pessoas com diabetes tipo 2, o que poderá beneficiar ainda mais pacientes a partir deste ano.
Vale lembrar que, atualmente, cerca de 10,2% da população brasileira vive com diabetes, o que representa aproximadamente 20 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.