Pesquisa mostra que a doença só fica atrás da hipertensão arterial, problema de coluna e colesterol alto. Diabetes dobra o risco de desenvolver catarata, porque cria depósitos de glicose nas paredes do cristalino.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil tem atualmente uma população de 214,7 milhões de pessoas e dessas 56,1 milhões têm 50 anos ou mais. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), integrada à uma rede internacional sobre as doenças mais frequentes no envelhecimento, revela que 25% desta parcela, ou 14 milhões dos brasileiros com 50 anos ou mais, têm catarata.
Realizada com 9,4 mil participantes, dos quais metade tinha entre 50 e 59 anos, a catarata é a quarta doença mais frequente a partir desta idade. Só fica atrás da hipertensão, problemas na coluna e colesterol alto.
A catarata é o turvamento do cristalino, lente natural do olho, como explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, de Campinas. De acordo com o especialista, o cristalino opaco impede que a luz chegue ao fundo do olho onde é transmitida através do nervo óptico ao cérebro que forma as imagens.
Segundo Dr. Leôncio, na maioria das pessoas a catarata está relacionada ao envelhecimento, mas é uma doença multifatorial que pode estar associada à falta de filtro ultravioleta nas lentes dos óculos usados em atividades externas, traumas, hábitos alimentares pouco saudáveis, alta miopia, diabetes, alguns medicamentos usados no tratamento de outras doenças e até ao sono irregular.
A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a catarata atinge 17% das pessoas entre 55 e 65 anos. No Brasil está, portanto, aparecendo antes e com maior incidência. Entre aquelas com idade entre 65 e 75 anos, estima-se que surge em 47% e em 73% após os 80 anos. Para o especialista, a prevalência da doença em 25% dos brasileiros com 50 a 59 anos indica que outros fatores estão contribuindo com o desenvolvimento.
Prevenção
As dicas do oftalmologista para evitar que a doença apareça mais cedo são:
- Use lentes que filtrem 100% da radiação UV (Ultravioleta) no sol. A falta de proteção UV aumenta em 60% a chance de surgir catarata. No Brasil, um levantamento feito por Queiroz Neto mostra que só 45% da população usa óculos com filtro solar nas atividades externas. Além disso muitos desconhecem que o filtro dos óculos solares não é eterno. Em média perde a validade após dois anos de uso e os óculos precisam ser renovados.
- Consuma sal com moderação. Segundo o IBGE, o consumo per capta diário de sal no Brasil é de 12 gramas, contra os 5 gramas preconizados pela OMS. “Este exagero dificulta a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino que se aglomeram e antecipa a opacificação do cristalino”, explica Dr. Leôncio. Para diminuir o sal na alimentação, é recomendado eliminar o saleiro da mesa, acrescentar outros condimentos para realçar o sabor, evitar embutidos, conservas e alimentos industrializados com glutamato de sódio.
- Controle a glicemia. A pesquisa aponta que o diabetes é a quinta doença no ranking das que mais afetam os brasileiros de 50 anos ou mais, com uma incidência de 15,8%, contra 10% em toda população apontados pelo IDF (International Diabetes Federation). Dr. Leôncio Queiroz Neto afirma que o diabetes dobra o risco de contrair catarata porque cria depósitos de glicose (açúcar) nas paredes do cristalino, que, por sua vez, aumentam a formação de radicais livres e levam ao envelhecimento precoce da lente do olho. Já as oscilações glicêmicas provocam o edema e a diminuição da espessura do cristalino. Por isso, o descontrole do diabetes acelera a formação da catarata.
- Informe ao oftalmologista os medicamentos utilizados: A pílula anticoncepcional, contraceptivo mais adotado pela mulher brasileira, o uso contínuo de corticoide para controlar doenças autoimunes como a artrite reumatoide (que atinge 21% da população com mais de 50 anos, segundo a Fiocruz), além de mais de 300 medicamentos fotossensibilizantes podem facilitar o aparecimento precoce da catarata. Como não é possível interromper o uso destes remédios, a orientação do Dr. Leôncio Queiroz Neto é informar ao oftalmologista sobre os medicamentos utilizados e realizar exames oftalmológicos anuais, pois a catarata muito madura dificulta a cirurgia – único tratamento para a doença.
- Evite fumar. O tabagismo acelera a produção de radicais livre nos olhos que levam à opacificação do cristalino. Por isso, parar de fumar diminui o risco de desenvolver catarata precoce.
- Desligue os equipamentos. As telas do celular ou computador emitem luz azul e, por isso, enganam o cérebro sobre o período do dia, desregulando a produção dos hormônios que controlam o estado de vigília e sono. Por isso, desligue os equipamentos uma hora antes de ir dormir.
- Cuide de sua alimentação. As principais dicas do especialista para proteger o cristalino são consumir folhas verde-escuro, que contêm selênio, e abacate, um potente antioxidante que também contém ômega e melhora a lubrificação dos olhos.
Diagnóstico e sintomas
O diagnóstico de catarata é feito em uma consulta oftalmológica de rotina. A maioria das pessoas nem desconfia ter a doença logo no início porque a visão não sofre alterações perceptíveis. Por isso, é comum a cirurgia só acontecer depois de meses e em alguns casos mais de um ano após o diagnóstico.
O presidente do Instituto Penido Burnier afirma que o momento certo de operar é quando começa ficar difícil realizar as atividades cotidianas. Os sinais de que está na hora de operar são: troca frequente de óculos, dificuldade de enxergar ou dirigir à noite, perda da visão de contraste, fotofobia e maior ofuscamento com faróis contra
Tratamento
A cirurgia é o único tratamento para catarata. Consiste em substituir o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular. “Pode ser feita com cortes manuais ou com um laser ultrarrápido. Nas duas técnicas a anestesia é local, mas na cirurgia a laser o olho fica menos tempo exposto ao calor do ultrassom utilizado para retirar o cristalino”, afirma Dr. Leôncio. Por isso, a perda de células irrecuperáveis da córnea é menor. O oftalmologista ressalta que o tipo de lente usada na operação depende do vício refrativo do paciente e do estilo de vida de cada um. “Toda cirurgia é personalizada de acordo com suas expectativas e características de seus olhos”, conclui.
Fonte: assessoria do Instituto Penido Burnier
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