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Caroline Naumann O diabetes entre nós

O amor está nos pequenos gestos, inclusive na forma como o outro lida com nossas hipos

| 20/07/2017

O diabetes entre nós

Caroline Naumann tem 29 anos, 15 deles convivendo com diabetes. Criou o blog Ao Trabalho para superar o diagnóstico, e descobre, a cadadia, um novo jeito de encarar as coisas. 

Aprendi que, assim como na vida e no amor, o diabetes também não dá garantias. O que funcionou brilhantemente ontem pode não servir mais hoje – a experiência passada não garante sucesso no futuro. Diabetes é teste, é ensaio, é tentativa. Diabetes é dedicação: qualquer semelhança com relacionamentos não é mera coincidência. O diálogo é parte essencial, tanto na relação interpessoal ou amorosa, quanto no tratamento.

Como em qualquer parceria, não existe receita pronta para lidar com o diabetes. Ainda assim, para mim, há uma característica realmente essencial para buscar no parceiro: precisa estar disposto a cuidar de você quando tiver uma hipo ou hiperglicemia. Sei que não é a situação ideal para pensar no início de relacionamento, mas em longo prazo, isso pode sintetizar uma incrível capacidade de cuidar, de tolerar, de encarar, de amar. E eu não estou falando de hiperzinha, 200, enjoadinha. Tô falando de hiperglicemia das boas: vômito, enjoo, HI no medidor, tontura, dores abdominais, irritabilidade. Sério mesmo.

Encontre alguém que olhe para você e perceba que há algo de errado antes de você correr para o banheiro. Alguém que reconheça que aquele seu silêncio não é só um ar pensativo. Alguém que perceba que você não está na cama de madrugada e vá conferir o que está havendo. Encontre alguém que saiba diferenciar hipoglicemia de hiperglicemia, e que saiba o tratamento adequado para cada momento. Que grite uns “tudo bem aí?!” quando você demorar muito na cozinha. Alguém que saiba te aplicar insulina ou glucagon se necessário.

Encontre alguém que, se não souber o que fazer, dê um Google, ligue para a mãe, procure soluções. Alguém que volte da farmácia e do supermercado com um monte de tralha. Alguém que compre chocolate, bolacha e sorvete para contornar a hipo: por mais que seja um baita erro, um erro bruto, afinal, esses alimentos têm gordura e não sobem a glicemia na hora, por isso, não são recomendados para corrigir uma queda grave de glicemia. Porém, o  que vale aqui é saber que ele teve a melhor das intenções.

Busque alguém que esteja lá por você. Alguém que queira te abraçar mesmo quando você estiver inabraçável e que te dê a segurança de que o amor é muito maior do que a instabilidade glicêmica. Alguém que saiba que pequenos gestos fazem muita diferença.

Como diz o poeta, ame, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido. Também vale rir – descobri que é um dos melhores remédios. E, ainda, se eu fosse você, deixaria o medo de lado. Ele não faz bem parao amor. O resto, a gente ajeita.

 

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