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Gabriel Schon Já conferiu a coluna do Gabriel Schon sobre DM3?

Gabriel Schon Moreira 29 anos, casado com DM1 e filho de DM2. Tem formação em ciências sociais com dez anos de experiência como gerente de projetos e […]

| 27/11/2017

Já conferiu a coluna do Gabriel Schon sobre DM3?

Gabriel Schon Moreira 29 anos, casado com DM1 e filho de DM2. Tem formação em ciências sociais com dez anos de experiência como gerente de projetos e consultoria de performance, até se desligar do ambiente corporativo para se dedicar ao desenvolvimento de softwares que ajudem no dia a dia de quem tem diabetes.

Ganhei esta coluna na revista Momento Diabetes para falar sobre o diabetes tipo 3. Quero começar com o pé direito, por isso vou contar um pouco da minha experiência. Nas próximas edições, você irá conhecer outras histórias de Tipo 3 que podem nos inspirar.

Boa, Gabriel! Vou acompanhar a sua coluna a cada toda edição, ok? Mas antes me explica o que é esse tal de diabetes tipo 3?

Calma, pessoal! É verdade que atualmente não existe em nenhuma literatura médica algo sobre diabetes tipo 3 ou DM3, mas nesta seção vamos contar experiências de pessoas que, assim como eu, não tem diabetes, mas participam diariamente da rotina de cuidados de quem foi diagnosticado com a disfunção. Pais, mães, irmãos, avós, marido, mulher, professor, colega de trabalho e qualquer um que, por amor, decidiu entender um pouco mais sobre essa doença.

Eu não tenho diabetes, mas, entre namoro e casamento, convivo há pelo menos dez anos com a minha esposa, Claudia Labate, que tem diabetes tipo 1 (DM1). Além disso, recentemente, meu pai foi diagnosticado com diabetes tipo 2 (DM2). Faço o possível para participar e ajudar nos cuidados diários. Hoje presto muito mais atenção nos horários de alimentação e dos remédios, assim como na rotina de exercícios. Aprendi a dar colo durante os dias difíceis e procuro sempre lembrá-los do quão incríveis eles são por enfrentarem o tratamento sem desistir, apesar das dificuldades.

Controlar o diabetes requer atenção para algumas atividades de rotina. Contar carboidratos, medir a glicemia antes de comer, aplicar insulina, depois medir novamente, e por aí vai. Com o tempo, essas ações ficam mais automáticas e até parecem naturais. No entanto, por serem “24/7” (24 horas por dia, sete dias por semana), elas nunca terminam, cansam e às vezes esgotam.

Por essa e outras, na maior parte dos dias, tenho vontade de assumir o lugar do meu pai ou da minha esposa, mas como não posso fazer por eles, posso fazer com eles.

Legal, Superman, mas como?

Essa já é mais fácil de responder! Posso ajudá-los a manter os horários das refeições e das medições, e a escolher a alimentação (prestando mais atenção ao que comemos). Também posso participar na rotina de atividade física deles, incentivando-os e convidando- os para caminharmos juntos. Dentre todas as ações, saber ouvi-los é, na minha opinião, a principal.

Quero dividir com vocês algumas lições que aprendi em mais de uma década convivendo com os altos e baixos da vida de uma pessoa muito amada que tem diabetes:

Empatia aproxima as pessoas

Você, tipo 3 (acho que já posso te chamar assim, né?), já mediu a sua glicemia alguma vez? Já usou um cateter durante alguns dias para saber como é? Por acaso acompanhou sua companheira alguma vez no treino de ginástica? Se sim, então você provavelmente seja uma pessoa empática, preocupada com o bem-estar do outro. Em contrapartida, ao reconhecer seu esforço, a outra pessoa permitirá que você esteja mais próximo e ajude com o tratamento.

Não adianta só cobrar

Se não tivermos cuidado, podemos cobrar demasiadamente o parceiro ou a parceira por melhores resultados nos testes de glicemia. A intenção é boa, mas a ação muitas vezes atrapalha.

A cobrança excessiva gera pressão adicional e raramente ajuda. Assim, quando as coisas não estiverem indo bem, em vez de forçar a barra, experimente fazer um exercício de reflexão, perguntando para o companheiro: “Como você está se sentindo em relação a isso?” e “Existe alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar?”.

Aprenda sempre mais

Ler livros, sites e blogs, acompanhar as consultas (mesmo que de longe, perguntando como foi), participar de palestras educativas em ONGs e associações de apoio, além de ensinar o familiar como agir em determinadas situações, demonstram interesse no assunto e quem tem diabetes se sente visto, reconhecido e acolhido.

Esteja disposto a ouvir (com ouvidos livres)

O tratamento do diabetes é muito complexo. Ao planejar uma viagem, o que vem na cabeça? Diabetes. Ao pensar no novo trabalho, diabetes. Está com gripe, diabetes. Estresse emocional, diabetes. É muita preocupação. Às vezes, a pessoa só precisa falar um pouco sobre seu tratamento, na tentativa de dividir o fardo do tratamento. Se você a ama, certamente estará disposto a ouvir atentamente. Diversos estudos demonstram o quanto o apoio da família ajuda na aceitação e no tratamento da pessoa com diabetes. No fundo, nem precisamos de estudos para saber o quanto o acolhimento e a escuta de outra pessoa fazem nos sentirmos melhores. Portanto, quando a família participa dessa nova rotina, a pessoa com diabetes se sente acolhida e mais feliz.

E aí, gostou das dicas? Estarei de novo por aqui na próxima edição para conhecer histórias de outros DM3. Abraços e até lá!

Este conteúdo faz parte da Edição 7 da revista Momento Diabetes. Compre aqui a sua.

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