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Notícias São Paulo vai distribuir sensores de glicose gratuitos para crianças com diabetes tipo 1

Tecnologia que salva vidas: com o projeto, crianças de 2 a 12 anos de famílias inscritas no CadÚnico podem receber sensores pelo SUS. Por Priscila Horvat* A […]

Momento Diabetes | 15/10/2025

Tecnologia que salva vidas: com o projeto, crianças de 2 a 12 anos de famílias inscritas no CadÚnico podem receber sensores pelo SUS.

Por Priscila Horvat*

A cidade de São Paulo deu um passo muito importante para o cuidado com o diabetes. O prefeito Ricardo Nunes sancionou, em 29 de setembro, o projeto de lei nº 369/25, que autoriza o fornecimento gratuito de sensores contínuos de glicose pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes de 2 a 12 anos com diabetes tipo 1 (DM1).

O sensor de glicose pode proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes, considerados os mais vulneráveis, já que as crianças menores sofrem duplamente por, muitas vezes, nem conseguirem falar ou explicar direito para os pais ou cuidadores o que estão sentindo. Com essa tecnologia, as famílias vão poder realizar o monitoramento da glicose em tempo real, sem a necessidade constante de picadas diárias nos dedos e com a possibilidade de prever e reduzir as crises de hipoglicemia e hiperglicemia.

“Hoje o prefeito está assinando a vida para essas crianças. Essa lei não é apenas sobre diabetes, mas sobre o que essas crianças não vão mais deixar de fazer por causa da doença”, declarou o vereador Thammy Miranda (PSD), autor do projeto de lei, durante a cerimônia de sanção no gabinete do prefeito.

Como ter acesso ao benefício

De acordo com uma nota divulgada pela Prefeitura, para as crianças terem acesso ao benefício, as famílias devem estar inscritas no CadÚnico. O encaminhamento do pedido para a colocação do sensor será realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que vão contar com profissionais capacitados para o manejo dos dispositivos.

O sensor é inserido no tecido subcutâneo e realiza, de forma automática, leituras da glicose a cada cinco minutos, inclusive durante a madrugada. As informações são enviadas para um aplicativo de celular, permitindo que os pais ou responsáveis recebam alertas no mesmo momento em que o aparelho identificar que os níveis de glicose da criança estiverem alterados.

“Quando coloca o medidor, o celular da mãe ou do responsável coleta todas as informações. Se cair o nível de glicose, ela vai poder atuar. Tem um alarme que avisa. Um momento importante para termos esse avanço na cidade”, destacou o prefeito Ricardo Nunes.

Monitoramento contínuo

O diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, na qual o pâncreas para de produzir insulina, obrigando o paciente a injetar o hormônio para manter estáveis os níveis de glicose no sangue. A condição é mais comum na infância e adolescência e exige acompanhamento rigoroso, com insulina, alimentação saudável e equilibrada, além da prática de atividade física.

Ainda no mesmo texto oficial, Maurício Serpa, secretário adjunto da Saúde, afirmou que o novo programa complementa as ações do município: “Diante desse cenário desafiador, o monitoramento contínuo, o diagnóstico precoce e a abordagem multiprofissional integrada são fundamentais para reduzir complicações da diabetes tipo 1”.

Política pública com impacto humano

A iniciativa ganhou apoio de diversas entidades, como a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), a ADJ Diabetes Brasil, o Instituto Diabetes Brasil (IDB) entre outros, além de profissionais de saúde, pacientes e famílias que convivem com DM1. “A gente tem que pensar em políticas públicas que atendam as nossas reais necessidades, porque, nesse caso específico, estamos falando da vida das pessoas”, afirmou o vereador Thammy Miranda em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Maria Eloísa Malieri, advogada especializada em direito à saúde e que convive com DM1 desde 1985, também fez parte do time que lutou por essa conquista. Ela, que é a voz e o rosto do perfil @eloebete e acompanhou de perto cada passo do PL, vibrou com a sanção: “É uma luta nossa, de todos. Fico muito feliz de ter vivenciado esse passo que é muito importante para cuidar de uma parcela significativa de crianças com DM1”. Maria Eloísa ainda expressou uma esperança: “Que a gente alcance outras pessoas e que, um dia, todos possam ter acesso ao sensor de glicose”.

Com a lei, São Paulo se torna a primeira capital brasileira a oferecer sensores contínuos de glicose gratuitamente pelo SUS. A medida mostra que as políticas públicas funcionam e que a tecnologia pode humanizar o sistema público de saúde. Um resultado que representa esperança de um futuro melhor para as crianças, dignidade e tranquilidade para milhares de famílias que convivem diariamente com DM1.


*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.

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