Por Letícia Meneguelo*
Normalmente, ouvimos que pessoas com diabetes não deveriam comer frutas, pois elas contêm muito carboidratos e calorias. Mas isso é um mito. As frutas são alimentos incríveis, verdadeiros remédios para o corpo. Hipocrátes, o pai da medicina, dizia com sabedoria: “Que seu remédio seja o seu alimento, e que seu alimento seja o seu remédio”.
Por serem alimentos ricos em fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos, as frutas são famosas por trazerem muitos benefícios à saúde. Há evidências de que o consumo frequente está associado à redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2 e à manutenção da boa glicemia para quem já tem diabetes.
Esses benefícios acontecem devido à ação que as fibras exercem no nosso intestino.
Você já deve ter ouvido falar que o intestino é considerado o nosso segundo cérebro, certo? Pois há quem acredite ainda que ele é tão importante e consideram como o nosso primeiro cérebro. Para o bom controle glicêmico acontecer, a saúde do intestino deve ser prioritária.
As fibras presentes nas frutas contribuem com esse controle porque reduzem ou lentificam a absorção da glicose no intestino delgado. Para pessoas com diabetes tipo 2, esse efeito é muito positivo, pois com a redução da absorção dos açúcares no intestino, o controle da glicemia fica mais fácil. Claro que as frutas sozinhas não fazem milagre, por isso, é recomendado sempre consultar o nutricionista para uma orientação individualizada sobre a quantidade a ser consumida e como inserir as frutas no seu plano alimentar.
Além de auxiliar no controle do diabetes, as frutas oferecem antioxidantes importantes que ajudam a proteger o corpo de outras doenças crônicas, como doenças cardíacas por exemplo.
Um ponto que merece atenção é o baixo consumo de frutas pela população em geral. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação é ingerir cerca de 400 gramas de frutas e vegetais por dia, o que corresponde a aproximadamente cinco porções.
No caso de pessoas com diabetes tipo 2, a American Diabetes Association (ADA) orienta o consumo de 8 a 10 porções diárias de frutas e vegetais, sendo de 3 a 4 porções apenas de frutas. sempre considerando as necessidades individuais.
Vale lembrar que todas as frutas são permitidas para quem tem diabetes. O que faz a diferença é conhecer a quantidade de carboidratos presente em cada fruta e planejar bem as combinações alimentares para não ultrapassar o limite de carboidratos de cada refeição. Outro ponto essencial é garantir o aporte adequado de fibras de forma contínua no dia a dia, já que elas são fundamentais para o bom controle glicêmico.
Frutas no dia a dia: três dicas para o consumo adequado
- Atenção aos horários: se no almoço e no jantar já há a quantidade adequada de carboidratos, a fruta pode ser uma excelente opção para o café da manhã ou como lanche entre as refeições.
- Priorize a variedade: para quem busca frutas com menor teor de carboidratos, aqui vão algumas sugestões para a próxima ida ao mercado: abacate, açaí, coco, limão, maracujá, caju e as frutas vermelhas, como morango, acerola, amora, mirtilo e framboesa. Com tanta variedade, fica fácil incluir as frutas no cardápio diário. Além disso, elas podem ser usadas de formas diferentes – em sucos, vitaminas, saladas ou simplesmente como lanchinhos práticos ao longo do dia. Um exemplo simples: morangos combinados com castanhas fazem um ótimo lanche da tarde.
- Cuidado com os sucos: outro cuidado essencial é com os sucos de frutas, que devem sempre ser diluídos em água para reduzir a concentração de carboidratos. Boas opções são suco de limão, caju e maracujá.
- Peça reforço: as frutas não devem ser consumidas sozinhas. Incluir castanhas ou sementes junto com elas ajuda a lentificar a absorção dos carboidratos, contribuindo para um melhor controle da glicemia.
Agora que você já sabe como as frutas podem ajudar na prevenção e no controle do diabetes, me conta: quais delas você vai incluir na sua próxima compra?
*Letícia Meneguelo é estudante do 5º semestre de Nutrição no Centro Universitário São Camilo. Neste artigo, ela foi supervisionada pela nutricionista Eneida Ramos (CRN3 8609), colunista da Momento Diabetes.