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Diário de Bordo Diabética tipo “ruim”

A vida da publicitária Marina Collaço mudou radicalmente depois de entrar em coma por hiperglicemia. Hoje, aos 31 anos, ela compartilha na internet como é “bater de frente” com o diabetes

| 24/07/2017

Diabética tipo “ruim”

Foi em setembro de 2001 que os sintomas mais graves do diabetes apareceram no corpo aparentemente saudável da jovem Marina Collaço. Ela emagreceu muito rápido, sentia um cansaço enorme, muita sede e vontade frequente de urinar. Isso começou a incomodá-la, mas treinando judô seis horas por dia para um campeonato nacional, não imaginou que poderia ser algo relacionado a uma doença autoimune. Mesmo com sinais bem claros e definidos, nenhum médico, professor ou até mesmo os pais desconfiaram.

“As coisas mudaram quando passei muito mal na escola e fui imediatamente internada”, relembra a jovem. Naquela ocasião, ela teve uma cetoacidose severa, isto é, o nível de glicose em seu sangue aumentou descontroladamente e ela entrou em coma diabético. Depois de quase 20 dias hospitalizada, Marina voltou para a casa, mas não para a rotina de antes. “As aplicações diárias de insulina, medição de glicose no sangue, restrição alimentar, exames rotineiros e lógico, muitos cuidados essenciais para uma vida melhor, tomaram conta dos meus dias a partir de então”, diz.

De tanto ouvir frases do tipo “o seu diabetes é daquele mais forte? É do tipo ruim?”, Marina decidiu escrever sobre sua experiência e sentimentos em um blog chamado Diabética Tipo Ruim. Em seus textos, ela contesta a forte tendência que muitas pessoas têm de encarar o diabetes como um problema menor do que de fato ele é.
“Como hoje existem diferentes tipos de tratamentos muita gente acha que é supertranquilo ter diabetes. Muitos diabéticos insistem em dizer que levam uma vida totalmente normal, mas, para mim, normal é sair de casa sem ter que calcular quanto tempo vou ficar fora ou se estou levando meu kit de primeiros socorros, além de um estoque de insumos para a minha bomba de insulina. Normal, para mim, é comer qualquer coisa sem me preocupar em contar quantos carboidratos aquele alimento tem ou quanto devo aplicar de insulina. De açucarado já basta meu sangue, não quero um retrato cor-de-rosa da minha doença e percebi que muitas pessoas se identificam com isso”, afirma a publicitária. Por isso, em seus textos, Marina busca retratar a realidade com o máximo de detalhes possível.

Escrever sobre o assunto e abraçar o diabetes como parte da própria personalidade foi a forma que a blogueira encontrou de aceitar a doença. “No nosso grupo de leitores amigos aprendemos a aceitar todos os nossos sentimentos, sendo eles bons ou ruins. Não julgamos ninguém, apenas damos apoio uns para os outros e isso funciona muito bem. Quero que as pessoas entendam que a gente não precisa ser forte o tempo todo. Podemos mostrar nossa fragilidade de vez em quando. Isso torna todo mundo mais humano”, diz Marina.

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