Conheça a lista de nomes usados pela indústria para ‘camuflar’ o açúcar nos alimentos – inclusive nos que são considerados saudáveis.
Por Letícia Martins*
Na maioria dos mercados, mesmo que o estabelecimento seja pequeno, é comum existir uma gôndola ou uma área específica para produtos considerados saudáveis. Mas não é porque o mercado disse que aqueles itens são saudáveis que o consumidor deve acreditar cegamente e colocar no carrinho para, depois, comer sem limites. Antes de comprar, é fundamental ler os rótulos, avaliar a composição do produto e compreender se – de fato – aquele item é necessário para o seu plano alimentar.
E tem um detalhe importantíssimo: muitos produtos têm açúcar escondido, o que pode ser um problema para quem tenta controlar o consumo desse ingrediente, especialmente no caso de pessoas com diabetes.
Mas o que é “açúcar escondido”?
É chamado assim o açúcar adicionado a alimentos e bebidas de forma não óbvia, ou seja, ele não aparece como “açúcar” no rótulo ou é encontrado em produtos que, à primeira vista, não são considerados doces. Isso pode ser um desafio para quem tenta controlar o consumo de açúcar.
A nutricionista Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explica que a indústria mascara o açúcar com nomes diferentes, o que pode levar os consumidores a comprar por engano algum produto. Independentemente de como o açúcar é chamado, a substância tem o mesmo impacto na glicemia.
O açúcar “camuflado” é utilizado pela indústria para realçar o sabor, prolongar a validade ou melhorar a textura de certos alimentos. Mas é importante ressaltar que existem diferenças na quantidade de açúcar adicionado entre alimentos processados e integrais.
“Os açúcares naturais em alimentos integrais estão combinados com fibras, proteínas e gorduras, o que desacelera sua absorção e evita picos de glicemia. Diferente dos alimentos processados, os alimentos integrais não passam por processos industriais que incluam adição de açúcar”, esclarece Tarcila, que também é membro do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Para efeito de comparação, um pote de iogurte processado e aromatizado pode conter até 20 gramas (g) de açúcares adicionados. Já outro pote de iogurte, do mesmo tamanho, mas na versão natural integral, contém somente o açúcar natural do leite, cerca de 4 a 6g por porção.
Como “encontrar” o açúcar camuflado?
Na hora da compra, os consumidores precisam ficar atentos para evitar o açúcar oculto. “A dica de ouro é ler os rótulos com atenção. Leia a lista de ingredientes, que são listados em ordem decrescente de quantidade. Se qualquer forma de açúcar estiver entre os primeiros ingredientes, o produto provavelmente contém uma quantidade significativa de açúcar. E não se engane, todo e qualquer tipo de açúcar vai influenciar no controle da glicose: portanto, fique atento a todos esses ingredientes”, indica a nutricionista.
Açúcares comuns
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Xaropes e derivados
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Outros tipos de açúcar
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A profissional destaca que alimentos rotulados como “diet”, “light”, “natural”, “orgânico” ou “sem açúcar refinado” podem conter outros tipos de açúcares adicionados, como mel ou xarope de agave. Vale a dica de ler a lista de ingredientes e também pela nova rotulagem. “Fique atento à quantidade de ‘açúcares totais’ e ‘açúcares adicionados’, pois isso ajuda a diferenciar entre açúcares naturais (presentes naturalmente naquele alimento) e açúcares adicionados pela indústria”, orienta Tarcila.
“Produtos ‘sem açúcar’ ou ‘diet’ podem ser uma alternativa, mas devem ser consumidos de forma consciente. Eles são seguros na maioria dos casos, mas não substituem uma alimentação equilibrada, baseada em alimentos naturais e minimamente processados. O fato de adicionar um adoçante não torna o alimento mais saudável, mas pode auxiliar a reduzir o total de calorias e o impacto glicêmico. De qualquer forma, moderação é fundamental. Sempre que possível, prefira alimentos integrais e naturais ao invés de depender de produtos industrializados”, aconselha a nutricionista.
Para finalizar
É importante lembrar que, mesmo em pequenas quantidades, o consumo de açúcar oculto pode ter impactos significativos na saúde de pessoas com diabetes ou resistência à insulina devido à sua influência direta nos níveis de glicose no sangue. Além disso, eles contribuem para o total de calorias consumidas ao longo do dia. Dessa forma, é importante controlar a frequência e quantidade de consumo.
Como conselho final aos leitores da Momento Diabetes, Tarcila indica também substituições saudáveis, como trocar barras de cereais industrializadas por frutas secas e frescas, por exemplo, e priorizar o preparo de refeições caseiras. Assim, “você pode evitar o açúcar escondido e melhorar sua alimentação de forma prática e sustentável”.
*Letícia Martins é jornalista com foco em saúde, fundadora da revista Momento Diabetes e da editora Momento Saúde.