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Diário de Bordo Aceitação do diabetes: o maior desafio na vida de Georgine Zapello

A empresária de  Francisco Beltrão, no Paraná, viaja 730 km para tratar o diabetes com uma endocrinologista de Santa Catarina. “Informação é a chave para o bom controle”, diz.

Letícia Martins | 30/10/2020

Em abril de 2020, a empresária Georgine Machado Zapello completou 17 anos de diagnóstico de diabetes tipo 1. Motivos para comemorar? “Com certeza! Há algum tempo, eu jamais poderia imaginar tamanha felicidade falando sobre diabetes. Sim, hoje estou muito feliz. Mas nem sempre estive assim. Durante 12 anos eu me senti perdida, sozinha, abandonada por Deus. Quando descobri a doença, eu fugi. Não aceitei, chorei, me revoltei, ignorei, pedi inclusive para morrer. Não queria ter diabetes! Me sentia castigada por Deus e pela vida, afinal, na minha cabeça, ter essa doença era uma sentença de morte”, conta a empresária.

Aceitar o diabetes foi o maior desafio que Georgine enfrentou e, para agravar a situação, ela teve dificuldade de encontrar profissionais de saúde que compreendessem a complexidade e as particularidades da doença. “Passei anos acreditando que estava fazendo tudo certo, mas tinha hipoglicemias quase todas as madrugadas e me sentia sempre muito mal. Minhas glicadas viviam altas. Os médicos aumentavam a dose da insulina e consequentemente eu tinha mais hipos”, desabafa a empresária, de 43 anos.

Georgine foi entrevistada na edição nº 16 da Revista Momento Diabetes e contou seu relato pra gente. Confira a seguir.

Apoio familiar

Com a glicemia descontrolada e a cabeça cheia de preocupação, Georgine buscava forças na família e sempre encontrava o apoio do marido Claudio Zapello. “Quando nos conhecemos, eu já tinha dois anos de diabetes e nunca escondi nada sobre minha condição. Falamos abertamente sobre o assunto”, diz.

“Meu marido é muito importante na minha vida. Não é qualquer pessoa que aceita encarar um relacionamento com alguém que tem uma doença crônica. Existem dias muito difíceis, nos quais as glicemias estão rebeldes e o humor fica instável. Tem hora que o choro vem fácil, outra hora fico brava e tem momentos que me revolto por não ter um dia de férias desta doença! Só quem realmente nos ama permanece por perto, firme e forte, sabendo que vai passar e que amanhã será um novo dia”, declara.

Além do marido, Georgine recebe atenção da filha de quatro patas, a cachorrinha Nina, que, segundo a dona, já a salvou várias vezes de entrar em coma por hipoglicemia na madrugada. “A Nina sente que há algo de errado comigo e começa a latir e a me lamber até que eu ou o meu marido acorde. Hoje uso bomba de insulina, então é muito raro acontecer hipoglicemia noturna”, conta.

Informação que salva

Nina age por instinto, mas Georgine sabia que, no caso dela, era necessário se munir de informação. Os tempos difíceis foram ficando para trás quando ela se conscientizou de que a busca por informação de qualidade sobre diabetes precisava partir dela. Determinada, começou pesquisando na internet alternativas para melhorar o tratamento; filtrou os conteúdos que recebia e em outubro de 2015 resolveu trocar de endocrinologista.

“Quando conheci a doutora Talita Trevisan, minha vida fez um giro de 360º. Aprendi muitas coisas sobre diabetes, entre elas o principal: que faço parte do time Diabetes Tipo Nada é Impossível”, diz Georgine. Mesmo depois de se mudar de Curitiba para Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, a empresária não abandonou o tratamento. A cada três meses, ela viaja 730 km até Itajaí (SC) para se consultar.

Em Francisco Beltrão, Georgine conheceu um grupo de diabetes e começou a participar dos encontros. No início ficava apenas ouvindo, mas em pouco tempo estava tão envolvida que passou a fazer parte da coordenação do núcleo.

“Hoje percebo que tudo que vivi e passei pode ajudar outras pessoas. E meu objetivo tem sido esse: ajudar a tornar mais leve o fardo de alguém que acabou de receber o diagnóstico, porque esse é o pior momento. Converso, escuto, aconselho, ensino, puxo a orelha e, principalmente, falo tudo que fiz de errado, procurando mostrar como fazer diferente. Com isso, quero poupá-las da dor e do sofrimento da desinformação”, diz a paranaense.

Em 2018, Georgine criou um projeto com o apoio da coordenação do Núcleo de Diabetes de Francisco Beltrão e da Prefeitura para promover uma palestra de educação em diabetes nas escolas municipais. “Todas as escolas da cidade foram convidadas e tivemos uma participação de 80%. Foi gratificante”, comemora a paranaense, que não se sente mais sozinha neste imenso universo azul.

 

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