Por Natalia Bortolotti*
O diabetes faz parte da vida de aproximadamente 20 milhões de brasileiros, segundo dados atualizados pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) em 2024. Entretanto, muitos pacientes diagnosticados com diabetes negligenciam o tratamento, o que pode resultar em problemas mais graves no futuro, como insuficiência renal crônica, infarto, acidente vascular cerebral (AVC), amputações de membros inferiores, cegueira, entre outras complicações.
Por essa razão, o Coalizão Vozes do Advocacy lança campanha de conscientização “Precisamos falar sobre o diabetes e suas complicações”, com a divulgação de um videodocumentário mostrando pessoas com diabetes que desenvolveram problemas de saúde. “A falta de adesão ao tratamento é um dos principais componentes do surgimento de complicação crônica do diabetes”, afirmou o médico endocrinologista Dr. Balduino Tschiedel, diretor-presidente do Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul (ICD-RS), no videodocumentário.
Para Carlos Daniel, membro da Associação Rio Grandense de Apoio ao Diabético (ARAD), que vive com diabetes tipo 2 há 15 anos e desenvolveu complicações pelo descuido, a descoberta da doença crônica ocorreu quando fez o teste de glicemia com uma equipe de enfermagem. O resultado mostrou que ele estava com a glicose em quase 200 mg/dL. Na ocasião, Carlos Daniel foi informado de que estava com diabetes e orientado a procurar um médico, mas não deu atenção a essa recomendação.
Hoje, ele relata as consequências da falta de tratamento: “Tenho má circulação nas duas pernas, uma parte do coração hibernante. Quando estou dormindo, a minha pressão sobe muito devido à obesidade. Quem tem diabetes precisa controlar o estresse, porque a parte emocional também atrapalha. Se você não se conscientizar, não tem tratamento que vai dar certo”.
Para Antonise Aquino, escritora, professora e vice-presidente da Associação dos Diabéticos e Familiares de Petrolina (ADIFAPE), a descoberta do diabetes tipo 1 há três décadas foi um processo. Certo dia, ela se deitou após almoço para descansar, mas não acordou. Teve que ser socorrida por familiares. Ela resolveu investigar o que havia acorrido e descobriu uma síndrome poliglandular tipo 2 e, como consequência do diabetes, a insuficiência adrenal. “Já tive três infartos, mas agora estou me cuidando. Então, foi uma mudança da Antonise que estava sem cuidado para a Antonise que quer viver”.
Dr. Balduino acrescenta que o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do diabetes precisa ser uma política pública, através de campanha do Ministério da Saúde e acessibilidade aos profissionais habilitados.
Clique aqui e assista ao documentário da Coalizão Vozes do Advocacy no canal de YouTube:
*Natalia Bortolotti é estudante de jornalismo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e faz estágio na Momento Diabetes, com supervisão da editora-chefe Letícia Martins.